
- Estatais federais registraram déficit de R$ 12,7 bilhões no 1º trimestre de 2025, o pior desde o início do governo Lula.
- A piora nas contas pressiona o governo por medidas de ajuste e reacende críticas sobre a eficiência da gestão pública.
- Especialistas alertam que o contribuinte poderá arcar com os prejuízos caso o Estado não promova mudanças estruturais nas estatais.
Relatório divulgado pelo Banco Central aponta que as estatais federais registraram um déficit de R$ 12,7 bilhões entre janeiro e março de 2025. O resultado, o pior para um primeiro trimestre desde 2021, alimenta questionamentos sobre a política fiscal do governo Lula e levanta dúvidas sobre a eficiência administrativa das empresas públicas. Embora os dados indiquem piora na saúde financeira das estatais, o governo ainda não detalhou quais medidas serão adotadas para conter o avanço dos gastos.
Déficit histórico reacende alerta fiscal
As empresas estatais federais encerraram o primeiro trimestre de 2025 com um déficit de R$ 12,7 bilhões, segundo dados recentes do Banco Central. Esse valor representa o maior rombo desde o início da atual gestão e reacende o debate sobre a responsabilidade fiscal nas estatais.
De acordo com o relatório, esse resultado inclui companhias como a Petrobras, Eletrobras e Correios. Embora nem todas estejam sob o controle direto da União atualmente, as que permanecem sob influência do governo têm contribuído significativamente para o saldo negativo. Além disso, especialistas apontam que o número também reflete o aumento das despesas operacionais e o baixo desempenho de algumas empresas em setores estratégicos.
Esse desempenho, portanto, contrasta com a promessa de austeridade defendida pelo governo federal. Desde o início do mandato, o presidente Lula afirmou que buscaria equilibrar as contas públicas sem comprometer os investimentos sociais. No entanto, os dados mais recentes evidenciam uma dificuldade crescente em alcançar esse objetivo sem revisar a atuação das estatais.
Portanto, a situação desafia o governo a apresentar soluções que garantam eficiência na gestão, sem abrir mão de políticas públicas prioritárias. Ainda assim, a ausência de um plano concreto até o momento preocupa economistas e parlamentares.
Estatais pressionam contas do setor público
Além do impacto direto nas finanças federais, o déficit das estatais contribui para o enfraquecimento do esforço fiscal necessário para atingir a meta do arcabouço. Segundo analistas, a deterioração das contas dessas empresas tende a agravar a percepção de risco fiscal, sobretudo em momentos de desaceleração da arrecadação.
Outro ponto que chama atenção é que, mesmo com o aumento das receitas em outras áreas, como no setor de energia, algumas estatais mantiveram um desempenho insatisfatório. Essa contradição revela não apenas falhas de gestão, mas também a dificuldade de modernização de estruturas administrativas que ainda operam sob lógicas defasadas.
Nesse cenário, parlamentares da oposição reforçaram críticas à política econômica do governo. Muitos argumentam que a insistência em manter empresas públicas ineficientes sob controle estatal compromete a estabilidade macroeconômica. Além disso, há quem defenda a retomada de debates sobre privatizações como alternativa à recuperação dessas companhias.
O governo, no entanto, ainda não indicou mudanças significativas na condução da política para estatais. Mesmo diante da piora nos indicadores, o discurso oficial segue alinhado com a defesa de um papel ativo do Estado na economia.
Pressão por ajustes e reações políticas
Com o rombo acumulado, aumentam as pressões para que o Ministério da Fazenda e o Palácio do Planalto anunciem medidas. O mercado financeiro reagiu com cautela, e o dólar voltou a subir nos dias seguintes à divulgação do relatório do BC.
Além disso, entidades do setor produtivo demonstraram preocupação com o impacto fiscal. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, pediu mais transparência na gestão das estatais e a criação de metas de desempenho. Essas demandas refletem um consenso crescente de que o Estado precisa rever sua atuação como gestor empresarial.
Por outro lado, lideranças da base aliada minimizaram os dados e afirmaram que o déficit tem origem conjuntural. Segundo esses parlamentares, parte do resultado se deve a efeitos sazonais, como o aumento dos custos de operação em setores como infraestrutura e transporte.
Contudo, analistas alertam que a repetição de déficits sem correção estrutural pode levar à perda de confiança no governo. Caso esse cenário se concretize, a capacidade de investimento público pode ficar ainda mais comprometida.
Caminhos possíveis e risco para o contribuinte
Diante do quadro atual, especialistas indicam caminhos que envolvem tanto o aumento da transparência quanto a reestruturação das estatais deficitárias. Uma das alternativas seria adotar parâmetros de governança semelhantes aos do setor privado, exigindo metas de eficiência e indicadores de desempenho claros.
Embora essa proposta enfrente resistências políticas, ela poderia reduzir o risco de que déficits recorrentes sejam cobertos por recursos públicos. Nesse contexto, o contribuinte, que já arca com alta carga tributária, corre o risco de pagar por má gestão.
Afinal, quando empresas públicas operam com prejuízo constante, a conta tende a recair sobre a sociedade. Esse efeito torna ainda mais urgente um debate transparente sobre o futuro das estatais.
Enquanto isso, o governo precisa agir com agilidade para evitar que novos rombos comprometam o equilíbrio fiscal e a credibilidade da política econômica. O desafio envolve decisões impopulares, mas necessárias.