
- PIB da Argentina cresceu 5,8% no 1º trimestre de 2025, impulsionado por consumo, investimentos e exportações.
- Importações em alta e corte no consumo público limitaram parte da expansão econômica do período.
- Inflação mensal desacelerou para 1,5% em maio, mas segue elevada no acumulado anual (43,5%).
A economia da Argentina começou 2025 com fôlego renovado. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 5,8% no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2024. O desempenho chamou a atenção de analistas e investidores, uma vez que a economia argentina enfrentava anos de retração e instabilidade.
O resultado positivo está ligado principalmente ao fortalecimento do consumo privado, à aceleração dos investimentos produtivos e ao crescimento das exportações. Na comparação com o último trimestre de 2024, o PIB argentino subiu 0,8%, embora esse ritmo tenha sido menor do que os 2,1% registrados no trimestre imediatamente anterior.
Apesar da desaceleração pontual, os números indicam uma trajetória de recuperação mais sólida do que o esperado. A reativação de setores como construção civil, indústria e comércio mostra que há, de fato, um movimento mais estrutural e não apenas um “voo de galinha”. O desafio, porém, será manter esse ritmo nos próximos trimestres.
Investimento e consumo privado lideram retomada
Um dos destaques no crescimento do PIB foi o consumo das famílias, que avançou 11,6% em termos anuais. Esse indicador reflete o aumento da renda disponível e a reabertura de setores que haviam sido duramente afetados pela crise. A melhora na confiança do consumidor também contribuiu para esse resultado expressivo.
Outro ponto forte foi a formação bruta de capital fixo, que saltou impressionantes 31,8% no acumulado de 12 meses. Os dados revelam que houve expansão significativa nos investimentos em máquinas, equipamentos, infraestrutura e transporte, indicando que o setor produtivo voltou a apostar na economia local.
As exportações, por sua vez, cresceram 7,2%, impulsionadas pela recuperação da produção agrícola e pelo aumento na demanda externa por commodities argentinas. A soma desses fatores contribuiu para a robustez do resultado, mesmo diante de um ambiente ainda desafiador no comércio global.
Importações pressionam e setor público recua
Embora o crescimento seja expressivo, alguns pontos jogaram contra o desempenho do PIB. As importações subiram 42,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024, sinalizando uma demanda interna aquecida, mas também maior dependência de produtos estrangeiros. Esse avanço afetou negativamente o saldo comercial, algo que preocupa economistas.
O consumo público registrou queda de 0,8% no acumulado anual e 0,1% em relação ao trimestre anterior. O recuo se deve, em grande parte, ao ajuste fiscal promovido pelo governo argentino, que tenta controlar os gastos para conter o déficit público e evitar desequilíbrios maiores nas contas do Estado.
No recorte trimestral, as exportações caíram 1,5%, enquanto as importações aumentaram 17,7%, reforçando o impacto do consumo interno e a vulnerabilidade do país em relação à balança comercial. Esses dados mostram que o crescimento argentino, embora robusto, ainda enfrenta desafios externos relevantes.
Inflação desacelera, mas segue alta
Em meio a esse cenário, a inflação argentina mostrou sinais de alívio. O índice de preços ao consumidor subiu 1,5% em maio, contra 2,8% em abril, marcando uma desaceleração de 1,3 ponto percentual. Esse movimento reflete, em parte, medidas monetárias mais rigorosas e maior estabilidade no câmbio.
Apesar disso, a inflação acumulada em 12 meses ainda está em 43,5%, um dos índices mais elevados da América Latina. Os setores que mais pressionaram os preços foram comunicação (4,1%), restaurantes e hotéis (3%) e habitação (2,2%), enquanto o transporte apresentou a menor variação, com apenas 0,4% de alta no mês.
Especialistas destacam que a redução na inflação é essencial para manter o crescimento do consumo e atrair novos investimentos. No entanto, ainda há um caminho longo para garantir a estabilidade de preços e tornar o crescimento mais sustentável no médio prazo.