Colhendo frutos

Sob Milei, Argentina volta ao normal, com inflação caindo 80% e estatais dando lucro

Argentina registra menor inflação em 5 anos e Aerolíneas Argentinas alcança superavit inédito, enquanto Brasil enfrenta incertezas fiscais.

Milei
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  • Em maio, o índice mensal foi de 1,5%, o menor em cinco anos, com inflação anual caindo mais de 80% em relação a 2024.
  • Aerolíneas Argentinas registrou lucro operacional de US$ 20,2 milhões em 2024, após 16 anos de prejuízos.
  • Empresa prevê operar sem recursos do Tesouro em 2025, com cortes de pessoal e reestruturação administrativa.

Em contraste com a instabilidade fiscal brasileira, a Argentina de Javier Milei apresenta sinais de recuperação: a inflação mensal atingiu o menor patamar em cinco anos e a estatal Aerolíneas Argentinas registrou lucro operacional pela primeira vez desde 2008. As mudanças indicam que o país começa a colher os frutos do ajuste promovido pela nova gestão, mesmo com sacrifícios sociais e cortes drásticos.

Milei colhe frutos de ajustes drásticos

Enquanto o Brasil debate a elevação da carga tributária e enfrenta atritos entre o Congresso Nacional e o Ministério da Fazenda, a Argentina surpreende com uma desaceleração inflacionária. Segundo dados oficiais, o índice de preços ao consumidor foi de 1,5% em maio, o menor resultado mensal em cinco anos. Em comparação, abril havia registrado alta de 2,8%.

Apesar da inflação acumulada de 43,5% nos últimos 12 meses ainda ser alta, representa uma queda expressiva — mais de 80% — em relação aos 276% registrados em maio de 2024. Para os argentinos, a desaceleração representa um alívio no cotidiano, especialmente após anos de corrosão do poder de compra.

Essa melhora ocorre no mesmo período em que o governo Milei aprofunda cortes orçamentários, privatizações e enxugamento da máquina pública. Embora criticado por medidas duras, o presidente libertário vem obtendo vitórias econômicas em áreas antes consideradas inviáveis.

Estatais sob novo modelo de gestão

O caso mais emblemático da nova abordagem estatal é o da Aerolíneas Argentinas. Após 16 anos operando no vermelho, a empresa aérea anunciou um superavit de US$ 20,2 milhões em 2024, resultado inédito desde sua reestatização em 2008. A informação foi apresentada por Fabián Lombardo, CEO da companhia, durante assembleia de acionistas.

Ainda que o resultado oficial do ano não tenha sido divulgado, os dados indicam um ponto de virada. Em 2023, a Aerolíneas registrou prejuízo operacional de US$ 220 milhões e, até então, acumulava perdas médias anuais de US$ 400 milhões em EBITDA.

Mais de 1.600 funcionários foram desligados, representando uma diminuição de 13% na força de trabalho e a eliminação de 85 cargos hierárquicos — incluindo oito diretorias. Segundo a empresa, o enxugamento foi essencial para o resultado positivo.

Privatização e autonomia orçamentária

De acordo com Lombardo, a companhia prevê operar sem receber aportes do Tesouro Nacional em 2025. Esse marco colocaria a Aerolíneas entre os ativos passíveis de privatização em condições mais atrativas para o mercado.

O discurso oficial é de que a estatal está se alinhando aos padrões da indústria e buscando tornar-se competitiva. Segundo o CEO, a nova realidade da companhia permitirá avaliar “sem limitações” as alternativas para o futuro da empresa, incluindo sua abertura ao setor privado.

A Aerolíneas também reduziu em 25% sua dívida consolidada em dólares, sem afetar o nível de caixa, reforçando a estratégia de tornar a operação financeiramente sustentável.

Reformas de choque contrastam com cenário brasileiro

As mudanças profundas implementadas por Milei escancaram um contraste com o momento brasileiro. Enquanto o governo Lula busca ampliar a arrecadação via aumento de impostos e navega por tensões políticas que travam reformas, a Argentina ensaia uma reorganização fiscal com impacto direto nos indicadores.

A inflação controlada e o superavit de uma estatal emblemática indicam que a agenda liberal do novo governo tem conseguido mostrar resultados concretos — ainda que polêmicos e à custa de desgaste social.

Para analistas, o caso argentino pode servir de alerta ou inspiração. A depender da perspectiva, Milei está ou desmontando o Estado ou modernizando a gestão pública. Mas, até aqui, os números começam a jogar a favor do discurso oficial.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.