Década de estagnação

Tarifas travam a economia: Banco Mundial corta projeção de crescimento global para 2025

Relatório aponta cenário de desaceleração liderado por EUA, Europa e China; comércio global também será afetado.

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Banco Mundial
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  • Banco Mundial revisou para baixo o PIB global de 2025, agora estimado em 2,3%, diante de tarifas elevadas e incerteza econômica.
  • Cenário impacta fortemente o comércio internacional, que deve crescer apenas 1,8%, pressionando inflação e investimentos.
  • Analistas cortaram as projeções de crescimento para EUA, Europa e emergentes, mas apontam a inteligência artificial e novos acordos comerciais como fontes de esperança.

O crescimento global será mais fraco do que o esperado em 2025. É o que aponta o Banco Mundial, que cortou sua projeção de expansão do PIB global de 2,7% para 2,3%, citando tarifas mais altas e incertezas econômicas como os principais vilões. Assim, a revisão negativa atinge quase 70% das economias do planeta, incluindo gigantes como Estados Unidos, China e países da União Europeia.

As novas estimativas estão no relatório semestral “Perspectivas Econômicas Globais”, divulgado nesta terça-feira (10). Ainda segundo o documento, os riscos seguem inclinados para o lado negativo, e o crescimento será o mais fraco fora de uma recessão desde 2008.

Tarifas pesam mais que o esperado

O Banco Mundial responsabiliza diretamente as políticas comerciais protecionistas por esse cenário. Nos últimos meses, os Estados Unidos elevaram tarifas sobre importações, o que desencadeou reações semelhantes de países como China e membros da União Europeia. Sendo assim, esse ciclo de retaliações gerou um ambiente de instabilidade, que compromete decisões de investimento e atrasa projetos globais.

Ainda segundo o banco, os efeitos dessas barreiras comerciais vão além da queda nas trocas internacionais. Há impacto direto no consumo e na confiança dos investidores. Logo, o aumento das tarifas também pressiona a inflação, que deve fechar 2025 em 2,9%, acima do patamar pré-pandemia.

Além disso, o comércio global, que já mostrou sinais de fraqueza em 2024, deve crescer apenas 1,8% em 2025 — menos da metade do registrado nos anos 2000. Desse modo, a previsão atual ainda não inclui aumentos tarifários que podem entrar em vigor em julho, o que poderia agravar ainda mais o cenário.

Investimentos travados, PIB menor

As incertezas não afetam apenas o comércio, mas também a atividade interna dos países. Segundo o economista-chefe adjunto do Banco Mundial, Ayhan Kose, esse clima de dúvida funciona como uma “neblina” na pista de decolagem da economia: “Enquanto ela persistir, o motor do crescimento não funcionará direito”.

Ademais, nos EUA, o crescimento previsto foi cortado de 2,3% para 1,4%. A expectativa para a zona do euro caiu para 0,7%, enquanto o Japão deve crescer o mesmo percentual. Esses números refletem queda no consumo privado, menor volume de exportações e retração nos investimentos.

Nas economias emergentes, o ritmo também será menor. A projeção caiu de 4,1% para 3,8%. A China, apesar de manter os 4,5% previstos, só deverá atingir essa marca com estímulos fiscais e monetários, segundo o próprio banco.

Horizonte turvo, mas com saídas possíveis

Embora o cenário atual inspire cautela, o Banco Mundial vê possíveis caminhos para uma retomada moderada a partir de 2026. Entre os fatores de otimismo, estão a reorganização das cadeias de suprimento e o avanço da inteligência artificial, que pode aumentar a produtividade e gerar novas oportunidades.

A previsão é de que o comércio global suba para 2,4% em 2026. Novos acordos comerciais entre países também podem ajudar a mitigar os efeitos negativos atuais. Vários governos já sinalizam interesse em formar parcerias bilaterais ou regionais que dispensem guerras tarifárias.

Para o Banco Mundial, o mundo está em uma fase de adaptação, e essa transição deve ser acompanhada de políticas públicas mais coordenadas. Portanto, se os líderes optarem por cooperação em vez de confronto, o ritmo do crescimento pode até ser retomado, ainda que mais lento do que no passado recente.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.