
- TikTok lança notas de rodapé colaborativas nos EUA para combater fake news com ajuda dos usuários
- Meta substitui checagem profissional por sistema de Notas da Comunidade no Facebook, Instagram e Threads
- Especialistas alertam que verificação comunitária pode ser lenta e vulnerável à manipulação
O TikTok anunciou uma nova ferramenta para combater a desinformação em sua plataforma: um sistema de verificação de fatos colaborativo por meio de notas de rodapé, disponível inicialmente para os usuários dos Estados Unidos com mais de 18 anos.
Com mais de 170 milhões de usuários no país, a rede social chinesa segue os passos de outras plataformas ao adotar uma abordagem comunitária para contextualizar conteúdos potencialmente enganosos.
Segundo a empresa, o novo recurso não substitui as atuais parcerias com mais de 20 organizações independentes de verificação de fatos. Mas, funciona como uma camada complementar de segurança.
Com base em uma lógica de consenso, o sistema permite que usuários adicionem informações relevantes a vídeos publicados. Dessa forma, oferecendo uma espécie de “pé de página informativo” que visa aumentar a compreensão e o discernimento sobre o conteúdo visualizado.
Sistema de notas reforça combate à desinformação
O TikTok defende que a nova funcionalidade é parte de uma estratégia mais ampla para garantir um ambiente seguro e confiável dentro da plataforma.
A ideia é incentivar os próprios usuários a contribuírem com informações verificáveis e contextualizadas. Assim, elevando o nível do debate público e reduzindo o impacto de boatos e distorções.
“As notas de rodapé oferecem uma nova oportunidade para as pessoas compartilharem seus conhecimentos e adicionarem uma camada adicional de contexto à discussão, usando uma abordagem orientada por consenso”, declarou a empresa em comunicado oficial.
O TikTok explica que as contribuições dos usuários passarão por revisões e avaliações para garantir que apenas notas com consenso suficiente entre os participantes sejam exibidas.
A funcionalidade é inspirada em mecanismos semelhantes utilizados por outras redes sociais. Mas, com foco na agilidade e no envolvimento direto da comunidade.
Ainda assim, o TikTok garante que continuará contando com o trabalho de verificadores profissionais para lidar com conteúdos que exijam apuração especializada ou maior complexidade.
Meta desativa checagem tradicional
O lançamento da ferramenta do TikTok ocorre semanas após a Meta, dona do Facebook, Instagram e Threads, encerrar seu programa de verificação de fatos nos Estados Unidos.
Em seu lugar, a empresa passou a utilizar o sistema de Notas da Comunidade (uma funcionalidade baseada no modelo da rede social X), que permite aos próprios usuários identificarem conteúdos enganosos e acrescentarem contextos adicionais.
Esse novo modelo, embora elogiado por seu potencial colaborativo e democrático, também vem sendo criticado por especialistas.
Segundo analistas, o sistema pode ser lento na hora de neutralizar os efeitos virais de uma fake news. Além de correr o risco de ser manipulado, principalmente em temas sensíveis como política, saúde e meio ambiente.
Outro ponto levantado por críticos é a dependência de consenso para que uma nota seja publicada, o que pode atrasar a resposta a conteúdos nocivos e limitar a visibilidade de informações relevantes.
Ainda assim, plataformas como a Meta e agora o TikTok parecem apostar no poder da inteligência coletiva como ferramenta de enfrentamento à desinformação digital.
Eficácia e riscos da verificação colaborativa
O uso de notas colaborativas, embora visto como um avanço em termos de participação do usuário, ainda divide opiniões no meio acadêmico e entre defensores da liberdade de expressão.
Para alguns, trata-se de uma evolução natural do ambiente digital, onde os próprios internautas ganham autonomia para corrigir ou contextualizar informações sem depender exclusivamente de autoridades externas. No entanto, estudiosos alertam para os riscos de enviesamento e polarização que esse modelo pode gerar.
“Sistemas baseados em consenso correm o risco de refletir apenas a opinião da maioria momentânea, sem necessariamente garantir precisão ou imparcialidade”, explica uma especialista em regulação digital.
A lentidão na aprovação das notas e a possibilidade de campanhas organizadas para manipular o sistema também são preocupações recorrentes.
Apesar das incertezas, o movimento do TikTok reforça uma tendência entre as grandes plataformas digitais. Assim, afim de ampliar a participação da comunidade no combate à desinformação, buscando novas formas de engajamento e responsabilidade compartilhada.
Resta saber se essa abordagem colaborativa será suficiente para enfrentar os desafios da era da pós-verdade e da manipulação em massa.