Reciprocidade Negativa?

Turismo brasileiro deve sofrer com exigência de vistos para estrangeiros

A exigência de visto visa promover reciprocidade, mas preocupa o setor turístico, que teme prejuízos imediatos na economia nacional.

Turismo brasileiro deve sofrer com exigência de vistos para estrangeiros Turismo brasileiro deve sofrer com exigência de vistos para estrangeiros Turismo brasileiro deve sofrer com exigência de vistos para estrangeiros Turismo brasileiro deve sofrer com exigência de vistos para estrangeiros
Turismo brasileiro deve sofrer com exigência de vistos para estrangeiros
  • O governo retomará a exigência de visto para turistas dos EUA, Canadá e Austrália a partir de 30 de abril.
  • Especialistas e empresários do turismo temem queda no número de visitantes e perda de receita.
  • Entidades propõem alternativas como vistos simplificados e campanhas promocionais para reduzir o impacto.

A retomada da exigência de visto para turistas dos Estados Unidos, Canadá e Austrália, prevista para vigorar a partir de 30 de abril, pode comprometer significativamente o setor de turismo brasileiro.

Empresários e especialistas avaliam que a medida deve impactar negativamente o número de visitantes estrangeiros, especialmente em estados como Rio de Janeiro e Bahia, que dependem da alta temporada internacional.

Decisão gera incerteza no setor turístico

O governo brasileiro decidiu retomar a exigência de visto para turistas dos Estados Unidos, Canadá e Austrália a partir do dia 30 de abril. A medida encerra a política de isenção implantada em 2019, que visava aumentar o fluxo de visitantes desses países. Segundo o Itamaraty, a nova regra se baseia na reciprocidade diplomática, já que esses países continuam exigindo vistos de entrada para cidadãos brasileiros.

Enquanto isso, entidades do setor turístico demonstram preocupação com os impactos da mudança. De acordo com o Conselho Nacional de Turismo, a exigência pode reduzir a competitividade do Brasil como destino internacional. Para o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, a decisão é uma resposta de política externa, mas deve ser acompanhada de campanhas que estimulem o turismo.

Além disso, empresários do setor destacam que a medida pode afastar turistas justamente no momento em que o setor vinha se recuperando dos efeitos da pandemia. Em destinos como Rio de Janeiro, Bahia e Amazonas, o turismo internacional representa parcela relevante da economia local, principalmente durante a alta temporada.

Portanto, o receio é que a exigência do visto se traduza em cancelamentos e redirecionamento de turistas para outros destinos com entrada facilitada. A retomada, embora alinhada com princípios diplomáticos, desafia a estratégia de atratividade do país.

Turismo pode perder milhões com nova exigência

O impacto financeiro da volta da exigência de visto pode ser expressivo. Somente em 2023, o Brasil recebeu mais de 355 mil turistas norte-americanos, segundo dados do Ministério do Turismo. Esses visitantes gastaram, em média, R$ 6 mil por estadia, o que gerou uma receita superior a R$ 2 bilhões.

Diante desses números, especialistas calculam que o país pode perder centenas de milhões em receitas se houver uma redução considerável no número de viajantes. Além disso, há temor de prejuízos para setores como hotelaria, gastronomia, transporte e agências de turismo. Com menos turistas, toda a cadeia produtiva ligada ao setor tende a sofrer.

Embora o Brasil tenha atrativos naturais e culturais reconhecidos mundialmente, muitos turistas optam por destinos com menos burocracias. Países da América Latina, como Colômbia e Peru, mantêm isenções de vistos para americanos e canadenses, o que amplia a concorrência regional.

Nesse contexto, a exigência do visto surge como obstáculo comercial e não apenas como uma medida diplomática. Ainda que o objetivo seja equilibrar relações internacionais, o setor turístico alerta para os efeitos imediatos da decisão sobre a economia.

Reação de entidades e alternativas em estudo

Diante do cenário, representantes do turismo pressionam o governo por alternativas. Entre elas, destacam-se propostas de simplificação do processo de solicitação de visto e parcerias com plataformas digitais. O objetivo é minimizar o impacto da medida e facilitar a vinda de turistas interessados.

A Embratur, em parceria com o Ministério do Turismo, já estuda campanhas de divulgação e promoção em países atingidos pela nova exigência. A ideia é mostrar que, apesar da necessidade de visto, o Brasil continua sendo um destino seguro, diverso e acolhedor.

Além disso, há esforços para ampliar os acordos bilaterais com países estratégicos, com o objetivo de estabelecer novos parâmetros de reciprocidade. No entanto, o governo ainda não anunciou medidas práticas para compensar o provável impacto da exigência.

Enquanto isso, operadoras de turismo alertam para a urgência de uma comunicação clara com os mercados internacionais. Caso contrário, o país corre o risco de perder espaço no roteiro dos grandes grupos de viajantes internacionais, especialmente em um momento de intensa competição global.

Especialistas cobram equilíbrio entre diplomacia e mercado

Economistas e diplomatas concordam que a reciprocidade nas relações internacionais é importante. No entanto, especialistas defendem que o Brasil deveria adotar uma postura mais flexível diante do peso econômico do turismo. Afinal, atrair visitantes estrangeiros ajuda a movimentar a economia, gerar empregos e divulgar a imagem do país no exterior.

Alguns analistas sugerem que o governo poderia ter buscado uma solução intermediária, como manter a isenção para turistas e reforçar a cobrança para viagens de negócios. Isso garantiria um equilíbrio entre os interesses diplomáticos e as necessidades do setor produtivo.

Por outro lado, integrantes do Itamaraty argumentam que a medida busca restabelecer o respeito à paridade de tratamento entre os países. Mesmo assim, reconhecem que será necessário adotar ações complementares para reduzir os danos no turismo.

Por fim, enquanto o debate continua, operadores e empresários lidam com incertezas. A menos de dez dias da entrada em vigor da nova regra, o setor ainda não recebeu diretrizes claras sobre como adaptar suas estratégias para lidar com o cenário que se aproxima.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.