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O executivo João Alberto Abreu pediu demissão do cargo de CEO da Rumo (RAIL3) para assumir o cargo de liderança na Suzano. De acordo com fontes do Brazil Journal, o anúncio do desligamento de Alberto na Rumo, provavelmente, será anunciado em breve. O novo CEO iniciará suas atividades na Suzano em 2 de abril e assumirá o cargo de CEO em 1º de julho, após um período de transição de três meses.
Ele substituirá Walter Schalka, no comando da empresa há 11 anos. Após 18 anos na Shell, onde atuou como Diretor Geral, João Alberto Abreu ingressou na Cosan como líder da Raízen Energia e assumiu o cargo de CEO da Rumo em 2019, sucedendo Julio Fontana, um executivo respeitado no setor ferroviário devido à sua trajetória dedicada.
Com uma abordagem centrada em performance operacional e iniciativas ambientais e sociais, Beto está trocando uma blue ship por outra, enfrentando desafios semelhantes relacionados à alocação de capital e crescimento. A Rumo possui uma capitalização de mercado de R$ 42 bilhões na Bolsa, enquanto a Suzano está avaliada em R$ 74 bilhões.
Resultados na Cosan
Ao longo de seu mandato, o EBITDA da Rumo experimentou um aumento significativo, passando de R$ 2,8 bilhões para R$ 7,5 bilhões até o final deste ano, caso o número se mantenha no meio da faixa indicativa fornecida pela empresa.
O novo CEO assume suas funções em um momento em que a Suzano está concluindo um ciclo de investimentos de R$ 22 bilhões com o projeto Cerrado. A nova planta em Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul, começará a produzir este ano, acrescentando 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano à capacidade produtiva da empresa, que atualmente é de 10,9 milhões.
Contudo, um novo ciclo se avizinha. Com a política da Suzano de reinvestir 90% de sua geração de caixa operacional, e considerando o aumento substancial dessa geração com a entrada do Cerrado online, a empresa já está analisando novas oportunidades para a criação de valor.
Suzano investe 1,8 bilhão em compra de terras do BTG
A Suzano, uma das líderes do setor de celulose no Brasil, fechou um acordo significativo com o BTG Pactual para a aquisição de 70 mil hectares de terras, investindo R$ 1,83 bilhão. Essa transação estratégica visa fortalecer a autossuficiência da companhia em uma região que já possui sinergias geográficas com sua estrutura operacional existente.
Deste total, 50 mil hectares são de áreas produtivas, enquanto o restante consiste em reservas ambientais protegidas. As terras adquiridas estão localizadas no Mato Grosso do Sul, próximas às fábricas de celulose da Suzano em Três Lagoas e à unidade em construção em Ribas do Rio Pardo, parte do Projeto Cerrado, com previsão de conclusão para junho de 2024.
Segundo Marcelo Bacci, CFO da Suzano, a aquisição não apenas aumenta a autossuficiência das operações da empresa no Mato Grosso do Sul a curto prazo, mas também oferece opções de crescimento futuro. “Atingiremos um nível elevado de madeira própria nos próximos anos, o que nos dá a possibilidade de construir uma nova fábrica na região ou expandir as capacidades das duas fábricas atuais,” afirmou Bacci.A fábrica de Três Lagoas possui uma capacidade produtiva anual de 3,25 milhões de toneladas, enquanto a de Ribas do Rio Pardo terá capacidade de 2,5 milhões de toneladas por ano.
Embora a Suzano não tenha divulgado detalhes específicos sobre a quantidade de madeira adquirida ou o percentual de terras já plantadas, foi informado que os 50 mil hectares estão parcialmente plantados. A distribuição do valor pago pelas terras e pela madeira também permanece confidencial, mas análises do Itaú BBA estimam que a Suzano pagou entre R$ 25 mil a R$ 30 mil por hectare, considerando que 20% a 30% do valor da transação sejam relativos à madeira existente.
O CFO da Suzano destacou que a transação terá um impacto quase nulo na alavancagem da empresa, gerando um aumento inferior a 0,1x na relação dívida líquida/EBITDA da companhia, que terminou o terceiro trimestre em 2,6x. Com a previsão de que o desembolso ocorra apenas no próximo ano, a Suzano revisou seu capex para 2024, aumentando-o de R$ 14,6 bilhões para R$ 16,5 bilhões.
O Itaú BBA avaliou a transação como positiva, considerando-a um movimento defensivo estratégico, dada a dificuldade de replicar o valor de florestas bem localizadas para a sustentabilidade a longo prazo da Suzano. “Estimamos que os 50 mil hectares de áreas produtivas podem representar entre 20% a 25% da terra necessária para a construção de uma nova fábrica de 2 milhões de toneladas de capacidade na região,” apontou Daniel Sasson, analista do Itaú.
A proximidade das novas terras às operações existentes da Suzano no estado é vista como um benefício adicional, pois ajudará a reduzir a distância média de transporte de madeira para as fábricas, conhecida como ‘farm-to-mill radius’.
A Suzano projeta uma distância média de 201 km em 2023, reduzindo para 186 km em 2024-2025, 173 km entre 2026-2028 e 150 km entre 2029 e 2032. As terras foram adquiridas de dois fundos do BTG Pactual Timberland Investment Group, uma gestora focada em ativos florestais que administra US$ 5,6 bilhões. As negociações, que duraram cerca de seis meses, refletem a estratégia da Suzano de fortalecer sua posição no mercado, ampliando sua capacidade produtiva e garantindo a sustentabilidade de suas operações a longo prazo.
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