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De acordo com a Associação Brasileira de Startups, de 2015 até 2019, o número de empresas deste setor que foram criadas saltou de uma média de 4.100 para 12.700, representando um aumento de 207%. Somente no ano passado, segundo o estudo, o país chegou à marca de 14.065 negócios deste tipo distribuídos em 78 comunidades em 710 cidades brasileiras. Por outro lado, números do Sebrae indicam que apenas 10% delas conseguem obter sucesso e manter-se no mercado. Já a grande maioria, os outros 90%, acaba fechando.
Com base nesses indicadores, é possível afirmar que, para que uma startup dê certo e sobreviva em um mercado extremamente competitivo, não basta apenas ter uma grande ideia de produto ou serviço inovadora. É necessário estabelecer uma base sólida desde a origem, tornando o negócio autossustentável. Isso significa ter uma administração eficaz que reflita em um bom planejamento financeiro, tributário, estratégico, comercial, operacional e societário. Falhar no planejamento e administração do negócio é a principal fonte causadora do fechamento da maioria das startups e empresas no Brasil.
Estabelecer linhas de defesas corporativas e, consequentemente, um robusto programa de compliance gera alguns benefícios para a organização. O primeiro dele é o estabelecimento e a preservação da cultura de integridade da companhia. Adotar as boas práticas de conformidade eleva o nível como as partes envolvidas enxergam a empresa. Ao estabelecer um ecossistema de integridade, proporciona-se, por exemplo, aos profissionais o sentimento de acolhimento e pertencimento de um ambiente que lhes gerará prazer em fazer parte. Além disso, poderá contribuir na formação e evolução ética daqueles que não a tiveram durante o crescimento pessoal. Como consequência, também será possível obter maior credibilidade, boa reputação e segurança a fim de validar a perpetuidade da instituição, garantindo-lhe resultados na operação, administração e realização dos negócios.
Em seguida, está a vantagem competitiva. Empresas que adotam um ecossistema apoiado por uma cultura organizacional que favorece e estimula as relações pautadas por princípios éticos e consonantes as leis têm a reputação elevadas que a favorecem perante seus envolvidos em detrimento das que não o possuem. Manter uma boa imagem em compliance e das práticas ESG (sigla em inglês meio ambiente, social e governança) favorece a companhia em um processo concorrencial de contratação, para a realização de trabalhos em fusões e aquisições e na captação de novos recursos com instituições financeiras e com novos investidores.
O terceiro ponto diz respeito à mitigação dos riscos de fraudes e desvios de condutas. Estudos revelam que cerca de 5% do faturamento de uma organização é perdido em decorrência desses episódios. Com a implementação do compliance em conjunto com as demais ações das linhas de defesa, é possível obter uma redução significativa destes casos, uma vez que a companhia está preparada e engajada para prevenir, identificar e responder a essas ocorrências, certificando de que o ecossistema criado está protegido contra quaisquer violações.
Ter maior nível de proteção contra s e sanções é o quarto benefício que as empresas que adotam o compliance estratégico tem. Com a adoção do programa, o risco de ocorrência e perpetuação de infrações e irregularidades é mitigado. Se porventura estes casos ocorrerem, a existência do programa poderá ser considerada uma redutora no tipo de multas e das sanções que serão aplicadas contra a empresa.
O último deles é o ganho de credibilidade no mercado. Considerando que, ao adotar um programa de compliance, a empresa terá inúmeras vantagens, entre elas: eleva a credibilidade entre os consumidores, investidores e prestadores de serviços; aumenta a qualidade de entrega dos produtos e serviços, pois respeita as exigências regulatórias; tem ganho de eficiência operacional, tendo em vista que há um processo de monitoria e com maior vigor; tem maior oportunidade de conduzir negócios internacionais; e agrega valor e otimiza as linhas de defesa definidas pela governança corporativa.
É essencial, por exemplo, que uma startup esteja em conformidade com as obrigações regulatórias desde o início da operação. Vale ressaltar que o esse processo de compliance irá amadurecer ao longo de sua existência. Caso contrário, corre o risco de paralisação ou extinção da operação. Outra necessidade é avaliar os riscos associados a relacionamento com terceiros, incluindo potenciais investidores que, se não bem avaliados, poderão gerar risco reputacional e operacional à empresa.
Ademais ter um profissional com habilidades e conhecimentos voltados para conformidade desde o surgimento do negócio facilitará o processo de crescimento sustentável. Este especialista poderá fazer o contraponto com o empreendedor que tem as atenções direcionadas no crescimento e ampliação do negócio. Além disso, a pessoa qualificada em compliance contribuirá em decisões estratégicas da empresa, trazendo uma visão dos potenciais riscos que poderão ser enfrentados no presente e no futuro.
Por fim, os investidores enxergam com muito bons olhos as organizações que possuem um nível elevado de maturidade com relação às questões de governança corporativa, o que inclui também o compliance, o que gera valor ao negócio. Por este motivo, é importante os empreendedores entenderem que adotar essa medida não gera um custo nem despesa, mas sim um investimento para proteger, fortalecer e valorizar a empresa.
Por Vinicius Carvalho, sócio-diretor da KPMG e Jubran Coelho é sócio da KPMG.
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