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Investidores mostram desânimo com Bolsa brasileira, aponta Santander

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O mercado de ações brasileiro enfrenta um momento de apatia entre os investidores, conforme análise do Santander divulgada recentemente. A volatilidade interna, associada a fatores globais, tem desestimulado aportes na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Esse cenário reflete, em parte, a busca por alternativas mais estáveis e com melhores retornos em mercados internacionais.

Um dos principais fatores citados pelo banco é o impacto do cenário macroeconômico global. O aumento das taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa – com o Federal Reserve mantendo os juros entre 5,25% e 5,5%, os mais altos desde 2001 – tem atraído investidores para títulos de renda fixa em mercados desenvolvidos, considerados de menor risco.

“As altas taxas de juros em países desenvolvidos criaram uma competição direta para mercados emergentes, como o Brasil. Isso tem drenado recursos da Bolsa brasileira, especialmente de investidores institucionais internacionais”.

afirmou o relatório do Santander.

Dados recentes da B3 mostram que o fluxo de capital estrangeiro líquido no mercado acionário brasileiro foi de apenas R$ 2,3 bilhões até outubro de 2024, um recuo expressivo frente aos R$ 90 bilhões registrados no mesmo período de 2022.

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No âmbito doméstico, a instabilidade política e o baixo crescimento econômico são apontados como barreiras adicionais. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 2,3% em 2024, segundo projeção do Banco Central, uma desaceleração em comparação aos 3% esperados para 2023.

Além disso, a falta de avanços em reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, contribui para a percepção de risco.

“A agenda de reformas é essencial para destravar o crescimento de longo prazo e atrair mais empresas para o mercado de capitais. Sem isso, a Bolsa brasileira segue limitada em termos de diversificação e atratividade”.

explicou o economista-chefe do Santander, Maurício Molan.

Setores concentrados e impacto no Ibovespa

Outro ponto levantado é a concentração de setores no principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa. Atualmente, cerca de 30% do índice é composto por empresas de commodities, como Petrobras e Vale. Embora essas empresas tenham registrado lucros expressivos – como a Vale, que reportou um lucro líquido de R$ 14 bilhões no terceiro trimestre de 2024 –, a alta dependência desse setor aumenta a vulnerabilidade da Bolsa a choques externos, como a desaceleração econômica da China.

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Os investidores também têm mostrado preocupação com o desempenho de outros setores relevantes, como o financeiro. Bancos tradicionais, que têm grande peso no Ibovespa, enfrentam desafios com a concorrência de fintechs e a desaceleração do crédito.

Impacto no desempenho do Ibovespa

Esses fatores combinados têm se refletido no desempenho do Ibovespa. Em 2024, o índice acumula alta de apenas 4,2%, ficando atrás de pares emergentes, como o índice MSCI Emerging Markets, que subiu cerca de 9% no mesmo período.

“A performance da Bolsa brasileira não tem sido suficiente para compensar o risco percebido, principalmente quando comparada a outros mercados emergentes com maior diversificação setorial”.

acrescentou Molan.

Para reverter essa situação, o Santander sugere uma série de medidas que podem tornar a Bolsa brasileira mais competitiva. Entre elas estão a atração de empresas inovadoras para o mercado de capitais, maior diversificação setorial e a redução do custo de capital para as empresas listadas.

“A B3 precisa atrair mais IPOs de setores de tecnologia e saúde, áreas que têm mostrado resiliência e crescimento em mercados globais. Sem isso, será difícil competir com bolsas como a Nasdaq, que oferece oportunidades mais amplas de diversificação”, destacou o relatório.

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Outro ponto é a necessidade de uma melhora na governança e no ambiente regulatório. O avanço na reforma tributária, por exemplo, poderia aumentar a previsibilidade para investidores e incentivar aportes de longo prazo.

Enquanto isso, a expectativa é de que o mercado continue desafiador, com investidores pesando cuidadosamente os riscos e retornos da Bolsa brasileira frente a opções internacionais.


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