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A partir do começo de 2023, títulos públicos federais, debêntures e certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio, os CRIs e CRAs, passarão a ser marcados a mercado. Dessa forma, os investidores poderão acompanhar diariamente o valor dos ativos, como já é comum em carteiras administradas e fundos de investimentos.
A resolução da Anbima – Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais vai garantir mais transparência e segurança para o investidor. Bancos e corretoras irão precisar ajustar a tecnologia para oferecer a informação aos investidores.
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores, acredita que a nova regulação é positiva.
“Essa é uma novidade significativa para o mercado de capitais, principalmente para o investidor pessoa física. É importante que o investidor tenha acesso à informação e saiba que se levar o investimento até o vencimento não vai realizar prejuízo e a taxa que contratou estará garantida. Agora, o investidor terá acesso ao valor do patrimônio dele exatamente em função de como é a realidade do mercado“, afirma.
Ainda segundo o especialista, inicialmente, a mudança pode causar estranheza no investidor.
“Quem comprou algum ativo prefixado no ano passado com uma taxa de juros mais baixa, por exemplo, com a taxa de juros mais alta atualmente, poderá tomar um susto, já que o título pode valer menos do que valia na data em que fez a compra, já que os preços oscilam no mercado secundário. Isso pode trazer preocupação aos investidores, que irão precisar buscar orientações antes de tomar decisões precipitadas“, diz Ricardo.
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, lembra que como o mercado financeiro é um exercício de oferta e demanda, os investidores precisam ficar atentos que na renda fixa não é diferente.
“A partir de janeiro, o investidor comum vai ver a renda fixa oscilar e, em alguns casos, como se fosse renda variável, o que para alguns pode ser estranho, em especial para o cliente mais conservador que não gosta de volatilidade. Quem entender bem esse mercado vai poder inclusive sair com um ganho antecipado das aplicações. O segredo é manter a calma e entender que isso faz parte do movimento de mercado“, explica.
Idean Alves explica que a marcação a mercado é a flutuação do valor de face do título de renda fixa, como se fosse o “preço” do papel, pois além da remuneração via juros que essas aplicações pagam, o valor da dívida também oscila no tempo, o que depende muito do prazo do vencimento do investimento e da taxa que foi contratada se comparada com a taxa que está sendo negociada hoje no mercado.
“Quando há uma diferença muito grande, por exemplo, um vencimento longo, com uma taxa ‘ruim’ se comparada com a da que está sendo negociada no mercado, para se resgatar o título de forma antecipada, é preciso aceitar um deságio (perda) em relação ao que rendeu, e às vezes até do valor aplicado. O contrário também é verdade. Caso aconteça o carrego da aplicação até o vencimento, não há influência direta da marcação a mercado”, comenta.
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