
- Falas do presidente americano sobre “progresso” em negociações não afastam o temor de novas tarifas
- Autoridade monetária atua para conter volatilidade e garantir liquidez no mercado
- Moeda sobe para R$ 5,882 com investidores atentos às decisões dos EUA e à relação com China
O dólar iniciou a sessão desta quinta-feira (17) em alta frente ao real, refletindo a crescente preocupação dos investidores com o cenário internacional, especialmente as tensões comerciais envolvendo os Estados Unidos.
O presidente norte-americano, Donald Trump, surpreendeu os mercados ao anunciar avanços nas conversas diretas com autoridades do Japão, uma iniciativa inesperada em meio à recente escalada tarifária promovida por seu governo.
A declaração de que houve um “grande progresso” nas tratativas, no entanto, não dissipou a cautela global, especialmente em razão da tensão ainda crescente entre as duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China.
O temor de novas tarifas e retaliações comerciais voltou a pesar nas decisões dos investidores. Mesmo com sinais positivos no diálogo com o Japão, a sinalização protecionista de Trump gera dúvidas sobre os próximos passos na política comercial norte-americana, o que acende um alerta sobre os impactos no comércio global e nas economias emergentes.
Como reflexo direto desse ambiente de incerteza, os ativos considerados mais seguros, como o dólar, se valorizam diante de moedas de países em desenvolvimento, como o real.
Às 9h16, o dólar à vista avançava 0,29%, sendo negociado a R$ 5,882 na venda. No mercado futuro, o contrato com vencimento mais próximo subia 0,24%, atingindo 5.893 pontos na B3. Na véspera, a moeda havia recuado 0,43%, fechando a R$ 5,8657.
Atuação do Banco Central busca conter volatilidade
Diante da volatilidade do câmbio, o Banco Central brasileiro voltou a atuar nesta quinta-feira com instrumentos para tentar suavizar os movimentos do mercado.
A autoridade monetária anunciou, portanto, um leilão de até 20 mil contratos de swap cambial tradicional, com objetivo de rolar os vencimentos previstos para 2 de maio de 2025.
Essa atuação do BC é uma tentativa de prover liquidez e evitar oscilações mais bruscas no câmbio, especialmente em um contexto de incerteza internacional. Os leilões de swap funcionam como uma forma de proteção contra a volatilidade da moeda norte-americana e são vistos como sinal de compromisso do BC em manter a estabilidade cambial, sem necessariamente interferir na direção do mercado.
O movimento do dólar também ocorre em meio à observação de outros indicadores econômicos. E, contudo, às expectativas de política monetária tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
Investidores avaliam a possibilidade de manutenção de juros elevados no exterior por mais tempo. Dessa forma, o que contribui para a valorização da moeda norte-americana no curto prazo.
Cotação do dólar reflete cautela generalizada
Com o aumento das tensões comerciais e a movimentação do Banco Central brasileiro, o mercado de câmbio se mostra especialmente sensível.
O dólar comercial operava com os seguintes valores nesta manhã: R$ 5,881 na compra e R$ 5,882 na venda. Já o dólar turismo, mais influenciado por margens e tributos, era cotado a R$ 5,919 para compra e R$ 6,099 para venda.
O cenário atual reforça a percepção de que o real continua vulnerável às mudanças no ambiente externo. Especialmente, quando há riscos geopolíticos e decisões que afetam o fluxo internacional de capitais.
Embora o câmbio possa apresentar alívio pontual, o ambiente de aversão ao risco tende a manter o dólar em patamar elevado no curto prazo. No entanto, até que haja maior clareza sobre os rumos da política comercial dos Estados Unidos e da condução econômica global.