Câmbio

Dólar recua com IPCA, medidas fiscais de Haddad e EUA e China no radar

Moeda norte-americana é pressionada por uma combinação de fatores internos e externos, em um cenário de expectativas fiscais no Brasil e esperanças de um acordo comercial entre Estados Unidos e China

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Dólar
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O dólar abriu em queda nesta terça-feira (10), em meio a divulgação de dados da inflação de maio no Brasil, expectativas fiscais no país e esperanças de um acordo comercial entre Estados Unidos e China. Por volta das 09:25, a moeda recuava 0,20%, cotada a R$ 5,550.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal termômetro da inflação no Brasil, subiu 0,26% em maio, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse dado é relevante para o Banco Central (BC), que decide o rumo da taxa básica de juros, Selic, na próxima quarta-feira (18). Atualmente, a Selic está em 14,75% e o mercado está dividido:

  • Alguns analistas e economistas esperam uma elevação residual, diante da resiliência da inflação e da dificuldade em ancorar as expectativas fiscais.
  • Já outra parte acredita que não há mais espaço para subir os juros, dado o impacto sobre a atividade econômica.

Se houver uma surpresa mais hawkish (de política monetária mais dura), isso tende a valorizar ainda mais o real.

Medidas fiscais de Haddad

No front doméstico, os investidores continuam acompanhando com atenção os próximos passos do governo em relação ao arcabouço fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), apresentou novas possibilidades de arrecadação, sinalizando que o foco segue sendo aumentar receitas, não cortar despesas.

Entre as medidas em discussão:

  • Tributação de 5% sobre as LCAs e LCIs, que até então eram isentas de IR;
  • Aumento da alíquota sobre apostas (bets), de 12% para 18% sobre o faturamento;
  • Possível alíquota unificada de IR de 17,5% para aplicações financeiras;
  • Discussão sobre taxação de criptoativos.

Apesar da sinalização de que o governo pode recuar parcialmente sobre o aumento do IOF, ainda não está claro se isso virá acompanhado de um pacote mais abrangente, que convença o mercado de que o equilíbrio fiscal será atingido sem comprometer o crescimento.

O mercado observa isso com cautela. Enquanto houver dúvidas sobre a eficácia e timing das medidas, o apetite por ativos brasileiros segue limitado — o que contém uma queda mais acentuada do dólar.

EUA e China em foco

Lá fora, o dólar está sendo influenciado pelas negociações entre Estados Unidos e China, que voltaram à mesa para discutir alívio nas tarifas comerciais. Sempre que há sinais de progresso, o dólar tende a perder força globalmente, pois o mercado interpreta como positivo para o comércio global — o que favorece moedas emergentes, como o real.

No entanto, o histórico recente ensina que essas negociações são voláteis, e o otimismo pode se desfazer rapidamente caso surjam entraves diplomáticos ou exigências intransponíveis de ambos os lados.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.