Fundamentos sólidos

Quais ações Buffett compraria? Confira as "Berkshire´s Brasileiras"

Com mentalidade de longo prazo, algumas empresas brasileiras superaram a lógica dos dividendos e entregaram retornos impressionantes.

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Ações
  • Longo prazo à la Buffett é possível no Brasil, mesmo com volatilidade
  • Empresas eficientes entregam mais valor do que pagadoras de dividendos generosos
  • Estudo revela ações brasileiras com maior retorno nos últimos 10 anos

Aos 94 anos, Warren Buffett anunciou sua aposentadoria da liderança da Berkshire Hathaway. O maior investidor da história deixa um legado construído sobre uma premissa simples, mas poderosa: comprar boas empresas a preços justos e esperar. O sucesso vem com o tempo. Mas, se Buffett tivesse nascido no Brasil, conseguiria replicar essa fórmula?

Apesar das turbulências econômicas, juros instáveis e políticas imprevisíveis, algumas empresas brasileiras provaram que investir com paciência e foco em fundamentos sólidos ainda compensa.

Um estudo da Trígono Capital analisou companhias listadas na B3 que mais geraram valor nos últimos 10 anos. Ainda, com base em indicadores como retorno sobre o capital investido (ROIC), crescimento de receita e retorno total ao acionista, incluindo dividendos.

O que chama atenção é que muitas das empresas mais bem-sucedidas não estão entre as campeãs de distribuição de dividendos. Companhias como PRIO e WEG, por exemplo, usaram o capital com eficiência, priorizando reinvestimento e expansão sustentável. Os dividendos foram moderados, mas a valorização das ações compensou amplamente.

Volatilidade e os juros

Para Werner Roger, diretor de investimentos da Trígono, o conceito de “longo prazo” no Brasil precisa ser adaptado à realidade local.

“A volatilidade, os juros e a instabilidade tornam a projeção de fluxo de caixa um desafio maior do que em países desenvolvidos”, afirma.

Ainda assim, ele acredita que é possível identificar empresas com potencial extraordinário e é nisso que Buffett provavelmente apostaria.

O levantamento mostra que empresas de setores variados conseguiram entregar altos retornos ao longo dos anos. Das 10 melhores, cinco têm ligação com commodities, três são do setor industrial, uma do setor de consumo semidurável e uma de saneamento.

Isso reforça que o sucesso no longo prazo está mais ligado à disciplina na alocação de capital e à qualidade da gestão do que ao setor em si.

Entre os destaques estão:

  • PRIO3 (PetroRio): com ROIC médio de 21% nos últimos 10 anos e crescimento de receita acima de 50% nos últimos cinco.
  • UNIP6 (Unipar): impressionantes 34% de ROIC médio em 10 anos, com dividendos consistentes.
  • WEGE3 (Weg): crescimento contínuo, ROIC estável e um modelo de negócios robusto e inovador.

Outras empresas como SLC Agrícola, Vulcabras, Schulz, Fras-Le e Ferbasa também aparecem com retornos expressivos. Mesmo companhias mais tradicionais, como Petrobras, Vale e Sabesp, conseguiram resultados relevantes quando consideradas no contexto do ROIC e da valorização em longo prazo.

Esse estudo quebra o mito de que só se ganha dinheiro rápido com dividendos altos ou trades curtos. Buffett sempre defendeu que “tempo no mercado” vale mais do que “timing de mercado”, e os dados mostram que empresas bem geridas, com foco em eficiência e crescimento, seguem recompensando quem acredita nelas com paciência e convicção.

Se Warren Buffett fosse brasileiro, é bem possível que parte de sua carteira estaria recheada de nomes como PRIO, WEG, Unipar e SLC. Afinal, construir riqueza de forma consistente é uma lição que ultrapassa fronteiras.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.