- Contrato futuro do ouro cai 3,85% após anúncio de suspensão de tarifas entre EUA e China
- Acordo prevê pausa nas tarifas bilaterais por 90 dias, com possibilidade de prorrogação
- Metal industrial avança levemente, refletindo otimismo com retomada do comércio global
Os contratos futuros do ouro registram forte queda nesta segunda-feira (12), após Estados Unidos e China anunciarem uma trégua tarifária de 90 dias. Dessa forma, provocando alívio nos mercados e reduzindo a demanda por ativos considerados seguros. Por outro lado, os contratos de cobre oscilam próximos da estabilidade, refletindo o otimismo com a possível retomada do comércio global.
Às 7h55 (horário de Brasília), o ouro com entrega em junho recuava 3,85%, cotado a US$ 3.215,84 por onça-troy, na Comex, divisão de metais da Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex). Já o cobre com entrega para julho subia 0,24%, negociado a US$ 4,66 por libra-peso.
O anúncio conjunto de Washington e Pequim sobre a suspensão da maior parte das tarifas aplicadas nos últimos anos pegou parte do mercado de surpresa. A medida visa abrir espaço para negociações estruturais mais profundas, segundo comunicados divulgados por ambos os governos. O acordo, no entanto, deve vigorar inicialmente por 90 dias, mas há sinalizações de que o prazo poderá ser prorrogado se houver progresso nas conversas.
Ouro perde brilho com redução das tensões
A forte queda do ouro reflete a mudança de humor dos investidores diante da possibilidade de distensão nas relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
Tradicionalmente, em momentos de incerteza geopolítica ou econômica, o ouro ganha força como porto seguro. Mas, com o anúncio da suspensão tarifária, os mercados migraram para ativos de maior risco. Assim, como ações e commodities industriais.
Segundo dados da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), os investidores já vinham reduzindo as posições compradas em ouro nas últimas semanas, antecipando algum tipo de trégua entre EUA e China.
O movimento de hoje consolida essa tendência e pode sinalizar uma correção mais ampla nos preços do metal precioso, que vinham se sustentando acima dos US$ 3.300 por onça em meio a tensões geopolíticas recentes.
Cobre reage com moderação, mas cenário é positivo
Embora o cobre tenha registrado apenas leve alta nesta manhã, a expectativa no mercado é que a trégua tarifária contribua para uma recuperação mais vigorosa da demanda global por metais industriais. O cobre, em especial, é altamente sensível às perspectivas de crescimento econômico. Já que é amplamente utilizado nos setores de construção, energia e tecnologia.
Analistas destacam que o mercado ainda aguarda mais detalhes sobre o acordo, especialmente em relação a possíveis revisões tarifárias em setores estratégicos como semicondutores e energias renováveis. Mesmo assim, a sinalização de que EUA e China estão dispostos a cooperar já basta para sustentar os preços do cobre no curto prazo.
Investidores monitoram próximos passos de EUA e China
Apesar da reação positiva dos mercados, a trégua de 90 dias ainda inspira cautela entre analistas e investidores. O histórico de negociações entre EUA e China mostra que acordos temporários podem ser revertidos rapidamente caso haja impasses políticos. Por isso, os próximos encontros entre autoridades dos dois países serão acompanhados de perto.
Além disso, o Federal Reserve também permanece no radar, com investidores avaliando se o alívio nas tensões comerciais poderá influenciar as decisões de política monetária dos EUA, especialmente em relação ao ritmo de cortes nos juros.
O momento é de reavaliação de portfólios. A retirada parcial de tarifas pode estimular a atividade econômica global, o que, por sua vez, favorece commodities industriais em detrimento de ativos defensivos como o ouro. Se a trégua se transformar em um acordo duradouro, o impacto poderá ser ainda mais profundo nos mercados internacionais.