
- Banco aposta em corte de juros e trade eleitoral como catalisadores para valorização da Bolsa
- “Duplo desconto” e resiliência frente à guerra comercial tornam o país atraente
- Analistas sugerem ações sensíveis aos juros e estatais para capturar o novo ciclo positivo
O Bradesco BBI lançou um alerta otimista para investidores atentos aos mercados emergentes: o momento de apostar no Brasil é agora. Em um relatório divulgado nesta semana, o banco recomendou aumentar a alocação em ações brasileiras acima da média.
Assim, citando uma combinação rara de fatores que podem posicionar o país como um dos principais beneficiários da atual reconfiguração geopolítica e econômica global.
Segundo o documento assinado pela equipe liderada por Ben Laidler, estrategista-chefe do banco, a América Latina vive um momento de “excepcionalismo econômico”, com desempenho superior ao de outras regiões em 2025.
Diminuição dos riscos
O Bradesco destaca que o crescimento resiliente, a diminuição dos riscos macroeconômicos e os valuations descontados formam um tripé de apoio para os mercados da região e o Brasil está no centro dessa equação.
No caso brasileiro, o banco vê dois catalisadores decisivos que tornam o mercado ainda mais atraente: o início do ciclo de corte de juros, previsto para o fim do ano, e a antecipação do trade eleitoral de 2026.
Com a Selic atingindo um possível pico após o último aumento, o Bradesco acredita que o Brasil pode se destacar como a única grande economia a realizar cortes relevantes de juros nesse período, o que abre espaço para uma ampla rotação setorial na Bolsa.
Além disso, os analistas afirmam que o cenário político já começa a entrar no radar dos investidores. Historicamente, o penúltimo ano do ciclo eleitoral na América Latina costuma ser positivo para os mercados acionários, uma vez que os investidores passam a precificar oportunidades futuras, independentemente de quem vença as eleições.
“Duplo desconto”
Outro ponto de destaque é o chamado “duplo desconto” da Bolsa brasileira: tanto no câmbio quanto nos valuations das ações, o Brasil aparece barato aos olhos do investidor estrangeiro. Ao mesmo tempo, o país demonstra maior resiliência frente às turbulências da guerra comercial global, o que reforça sua atratividade.
Entre as apostas recomendadas, o Bradesco destaca empresas sensíveis à queda de juros. Assim, como Assaí e Localiza, além das chamadas “vencedoras do mercado de capitais”, como BTG Pactual e XP. O banco também vê potencial nas estatais Banco do Brasil e Petrobras. Contudo, que combinam dividendos robustos com valuations ainda atrativos.
Para acomodar essa alocação mais agressiva no Brasil, o Bradesco reduziu sua exposição ao México, passando de “overweight” para posição neutra. Embora continue otimista com o país, o banco entende que o momento mais positivo do mercado mexicano já foi, em parte, precificado.
Por fim, o relatório ainda aponta a Argentina como seu mercado preferido na América Latina, com destaque para a reabertura da economia. Além de avanços no acordo com o FMI e retomada de fluxo estrangeiro após o rali de 2024. Para o Bradesco, há uma “segunda chance” para quem perdeu o bonde do ano passado.
Se os cortes de juros se concretizarem e a corrida eleitoral aquecer os motores dos ativos brasileiros, o cenário desenhado pelo Bradesco pode marcar o início de uma das maiores reavaliações de ativos da década no país.