
- Alckmin defende o fim da escala 6×1 como resposta à automação e mudança global no trabalho.
- Movimento “Vida Além do Trabalho” pressiona o Congresso com apoio massivo da sociedade civil.
- Lula, especialistas e sindicatos concordam que jornadas menores melhoram produtividade e bem-estar.
O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou nesta semana a necessidade de o Brasil abandonar o modelo de trabalho 6×1. Ele afirmou que a tecnologia já permite aumentar a produtividade mesmo com menos horas trabalhadas. A fala ocorreu em evento com representantes da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, em Brasília.
Assim, com o apoio crescente de movimentos sociais, especialistas e do próprio presidente Lula, o debate sobre jornadas mais curtas ganha força no Congresso. A proposta busca não apenas modernizar a legislação, mas também melhorar a saúde mental, a produtividade e o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.
Transição para um modelo mais humano de trabalho
Durante almoço com a Frente Parlamentar do Empreendedorismo, Alckmin declarou que a revolução tecnológica já autoriza mudanças profundas nas relações de trabalho. Para ele, o fim da escala 6×1 representa uma transição lógica e inevitável. Ao citar robôs atuando em cirurgias e máquinas agrícolas autônomas, o vice-presidente mostrou como a automação amplia a produtividade com menos esforço humano.
Além disso, Alckmin destacou que países desenvolvidos estão adotando semanas mais curtas com ganhos sociais e econômicos. Com isso, argumentou que o Brasil precisa caminhar na mesma direção. “A tecnologia nos liberta da exaustão e abre espaço para mais tempo com a família, cultura, estudo e lazer”, afirmou.
Dessa forma, o governo pretende iniciar um ciclo de escuta com trabalhadores, empresários e sindicatos, para discutir alternativas sustentáveis. A ideia é criar regras que respeitem as realidades específicas de cada setor, mas que avancem na direção de um modelo mais equilibrado.
Apoio popular e político ganha dimensão nacional
O tema das jornadas mais curtas, antes restrito a debates acadêmicos, agora mobiliza movimentos sociais e lideranças políticas. Um dos destaques é o movimento “Vida Além do Trabalho”, que ganhou projeção com a proposta de abolir o regime 6×1 e garantir tempo livre sem redução salarial.
Idealizado por Rick Azevedo, o movimento se consolidou em 2024 com o apoio de mais de 2,8 milhões de pessoas em uma petição online. Logo depois, atos foram organizados em várias capitais, e a deputada Erika Hilton apresentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) no Congresso, materializando a pauta.
O projeto propõe reduzir a carga horária semanal, incentivar empresas a adotar modelos mais enxutos e proteger os direitos trabalhistas. Como consequência, a discussão sobre qualidade de vida e bem-estar no trabalho passou a fazer parte da agenda política do Planalto.
Lula e especialistas endossam a mudança
O presidente Lula já manifestou apoio à proposta. Em recente pronunciamento, ele afirmou que “ninguém pode viver para trabalhar”. Segundo ele, é preciso reequilibrar as prioridades da sociedade e valorizar o tempo das pessoas. A fala ecoou entre centrais sindicais e organizações de trabalhadores.
Estudos apresentados por especialistas reforçam a tese de que menos horas não significam menor produção. Ao contrário, empresas em países como Islândia, Japão e Reino Unido relataram aumento na produtividade após implementarem jornadas reduzidas.
Alckmin argumenta que a legislação brasileira precisa deixar de ser punitiva e tornar-se promotora de um novo ciclo laboral. Para isso, será necessário diálogo franco entre todos os agentes sociais, inclusive com a oposição. “Trabalhar menos pode significar viver mais, e melhor”, concluiu.
O Brasil rumo a um novo pacto laboral
A redução da jornada de trabalho no Brasil já não é apenas uma ideia distante. Com respaldo popular, apoio político e base científica sólida, o tema entrou de vez no centro do debate nacional. E, embora haja resistência de parte do empresariado, o governo acredita que o país está maduro para essa transformação.
O desafio, segundo Alckmin, é construir um modelo gradual, que preserve empregos, estimule a economia e promova mais dignidade. A transição será longa, mas essencial. Afinal, se a tecnologia avança, a legislação deve avançar junto, sob pena de tornar-se obsoleta.
Por fim, a possibilidade de uma nova cultura do trabalho parece mais próxima do que nunca. E a decisão, agora, está nas mãos do Congresso.