Forte polêmica

“Espetacular para os pobres”: Armínio Fraga defende congelar mínimo até 2031

Ex-presidente do Banco Central afirma que congelamento geraria economia bilionária, reduziria juros e traria benefícios aos mais pobres.

Armínio Fraga - Reprodução: VEJA Editorial
Armínio Fraga - Reprodução: VEJA Editorial
  • Armínio Fraga defende congelar o salário mínimo por seis anos, com reajuste apenas pela inflação, gerando economia de até 1% do PIB
  • Economista aponta necessidade urgente de ajuste fiscal de 3 p.p. do PIB e critica falta de prioridades no orçamento público
  • Fraga propõe reforma na previdência e corte de subsídios como complementos à medida, citando a Argentina como exemplo

O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Gávea Investimentos, reacendeu uma forte polêmica ao defender, mais uma vez, o congelamento do salário mínimo por seis anos no Brasil.

Em entrevista ao jornal O Globo, Fraga reafirmou que a medida, que consiste em reajustar o piso apenas pela inflação, sem aumento real, é essencial para destravar o crescimento econômico e viabilizar um forte ajuste fiscal.

Segundo ele, a proposta geraria uma economia fiscal de até 1 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) ao final do período, ajudando a conter os gastos públicos, que hoje se concentram, em grande parte, na folha de pagamento e na previdência.

Para o economista, as despesas obrigatórias consomem 80% do orçamento federal, deixando pouca margem para investimentos e políticas públicas estratégicas.

Fraga também sustenta que essa medida teria impacto positivo, inclusive para as camadas mais pobres da população, ao ajudar a reduzir as taxas de juros estruturais, fomentar o investimento privado e ampliar a criação de empregos.

“Seria espetacular para os pobres”, afirmou.

A fala, no entanto, gerou reações negativas de diversos setores sociais e políticos, especialmente por contrariar uma das principais promessas de campanha do presidente Lula: o aumento real do salário mínimo.

Ajuste fiscal “inevitável” para um Brasil mais competitivo

Armínio Fraga sustenta que a situação fiscal do país é insustentável e que um ajuste equivalente a 3 pontos percentuais do PIB se tornou inevitável, especialmente diante de juros reais básicos que orbitam os 7% ao ano.

Para ele, o Brasil vem convivendo há décadas com uma “realidade perversa” de juros altos e baixo investimento, o que compromete o crescimento sustentável da economia.

Na entrevista, ele criticou a falta de prioridades orçamentárias por parte do governo federal. E, assim, defendeu que o país precisa aprender com os erros de políticas populistas do passado. Como por exemplo: as adotadas durante o governo Dilma Rousseff, que terminaram em recessão, inflação alta e descontrole fiscal.

“É hora de parar de brincar com o dinheiro público”, disse Fraga.

O economista também apontou que o congelamento do mínimo seria mais viável politicamente do que alternativas como o corte de gastos tributários. Contudo, que afetam setores influentes. Ele citou regimes especiais do Imposto de Renda e subsídios do BNDES, que, segundo suas estimativas, consomem até 7% do PIB.

Previdência, subsídios e exemplo argentino

Fraga defende uma revisão estrutural do sistema previdenciário brasileiro, considerada por ele como uma das maiores fontes de desequilíbrio nas contas públicas.

Embora reconheça que ajustes em áreas como saúde e educação seriam prejudiciais, o economista reforça que há muito espaço para reduzir privilégios e distorções fiscais em outros setores.

Ele também mencionou as reformas implementadas na Argentina sob a liderança do presidente Javier Milei como um exemplo de ajuste necessário. Embora tenha criticado a execução “tosca” do processo naquele país.

Para Fraga, o Brasil deve buscar um caminho mais técnico e planejado. Contudo, capaz de gerar credibilidade e atrair investimentos de forma duradoura.

A proposta, apesar de tecnicamente defendida, esbarra em forte resistência política e social. Para críticos, congelar o salário mínimo por tanto tempo penalizaria a base da pirâmide social. E, assim, aprofundaria desigualdades, mesmo que venha acompanhada de ganhos fiscais.

Enquanto o debate avança, Armínio Fraga se mantém firme em sua defesa. Dessa forma, apostando que uma medida dura no curto prazo poderá ser a chave para um Brasil mais equilibrado e competitivo no futuro.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.