- Damous se reuniu com investigados por fraude de R$ 6 bilhões no INSS mesmo após surgirem suspeitas
- Petista histórico e próximo de Lula, ele foi indicado para a diretoria da ANS, ainda sem aprovação do Senado
- Reunião reacende críticas sobre critérios de nomeações e proximidade com alvos de investigações federais
O secretário nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, Wadih Damous, se reuniu no dia 4 de junho de 2024 com três investigados por envolvimento em um esquema de fraude bilionária contra aposentados do INSS.
O encontro com Alessandro Stefanutto, Virgílio Oliveira Filho e André Fidelis, todos alvos da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, ocorreu em meio às crescentes suspeitas em Brasília sobre irregularidades nos descontos indevidos nos benefícios previdenciários.
Segundo apurações da PF, o trio faz parte de uma suposta associação criminosa com sindicatos e entidades de fachada, que teria causado prejuízo superior a R$ 6 bilhões ao INSS, sendo a maior parte do rombo já durante o atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Indicação
A revelação do encontro prejudica a imagem de Wadih Damous, secretário no governo federal e recentemente indicado por Lula para dirigir a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
A indicação ainda precisa passar por sabatina e aprovação do Senado, mas o caso reacende questionamentos sobre o alinhamento político e os critérios adotados para nomeações em cargos de alta responsabilidade regulatória.
Wadih Damous, advogado e petista histórico, tem longa trajetória de proximidade com o presidente. Ele exerceu o mandato de deputado federal pelo Rio de Janeiro e presidiu a OAB-RJ de 2007 a 2012.
Durante sua gestão, comandou a entidade no período do colapso do plano de saúde dos advogados da Caarj. Que operava em autogestão e acumulava cerca de R$ 50 milhões em dívidas na época.
A carteira com 55 mil vidas acabou sendo vendida para a Unimed Rio, que posteriormente também enfrentou sua própria crise financeira. Hoje, a Caarj atende apenas cerca de 5.000 beneficiários.
Suspeitas da PF
Durante seu mandato como presidente da OAB fluminense, Damous consolidou-se como uma das figuras mais próximas do núcleo duro do PT. Assim, tendo disputado várias vezes o cargo de deputado federal, sempre na condição de suplente, assumindo interinamente em ocasiões pontuais.
O encontro com os investigados ocorreu, portanto, mesmo com as suspeitas da Polícia Federal já circulando nos bastidores da Esplanada dos Ministérios. A reunião está registrada na agenda oficial da Secretaria Nacional do Consumidor.
A imprensa procurou Damous, mas ele não se manifestou sobre o episódio. O conteúdo do encontro não se tornou público. Caso Damous se pronuncie, a matéria atualizará a informação.
A repercussão da reunião em meio ao escândalo pode afetar a tramitação de sua nomeação à ANS, especialmente diante da pressão por mais rigor na fiscalização de fraudes contra aposentados e consumidores. Parlamentares da oposição já sinalizam a intenção de convocá-lo para esclarecimentos. E, assim, reforçam o apelo por mais transparência nos critérios de nomeações feitas pelo Planalto.
Com um rombo bilionário nas contas do INSS e milhares de aposentados afetados por descontos indevidos, a relação de confiança entre Damous e Lula volta ao centro do debate político. Desta vez, sob o peso de um dos escândalos mais sensíveis do atual governo.