Engrenagem sofisticada

Fraude do INSS: Malas com dinheiro vivo eram levadas para o exterior

Investigação da PF revela rede de fraudes previdenciárias com remessas milionárias em espécie e uso de laranjas.

Crédito: Depositphotos
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  • Investigados pela PF transportaram até R$ 155 milhões em espécie para fora do Brasil.
  • Esquema de fraude ao INSS movimentou R$ 1,3 bilhão e envolveu entidades de fachada.
  • Polícia Federal identificou lavagem de dinheiro por meio de imóveis, veículos e criptomoedas.

A Polícia Federal descobriu que investigados na fraude contra o INSS levaram malas com até R$ 155 milhões em espécie para o exterior. A nova revelação aprofunda o escândalo e mostra que os envolvidos não apenas fraudaram benefícios, mas também movimentaram valores altíssimos de forma clandestina. A prática envolveu estrutura logística internacional, conexões com doleiros e o uso de aeroportos para burlar a fiscalização.

Rota do dinheiro: malas, aeroportos e fronteiras

A Polícia Federal revelou um dado alarmante: investigados pela fraude bilionária contra o INSS transportaram até R$ 155 milhões em espécie para fora do país. De acordo com os investigadores, os suspeitos usaram malas para transferir os valores de forma clandestina. As viagens ocorreram principalmente por meio de voos internacionais, sempre partindo de grandes centros urbanos.

Além disso, os envolvidos planejavam as saídas com precisão para evitar qualquer tipo de fiscalização. Em muitos casos, contavam com apoio logístico de terceiros que não despertavam suspeitas. Portanto, o esquema exigia mais do que falsificação documental — envolvia uma engrenagem sofisticada de transporte de dinheiro.

A Polícia Federal também identificou que parte dos recursos seguiu rumo ao Paraguai, onde o dinheiro era trocado com doleiros. Em seguida, os valores voltavam ao Brasil em forma de ativos “limpos”, simulando operações comerciais. Com isso, os criminosos dificultavam o rastreamento dos recursos pelas autoridades financeiras.

Embora a PF já tenha prendido diversos suspeitos, o rastreio do dinheiro continua sendo o maior desafio da operação. Afinal, nem todos os montantes desviados foram localizados, e o volume de dinheiro transportado em espécie levanta suspeitas sobre outros destinos ainda não identificados.

Fraude bilionária nasceu de brechas sistêmicas

Desde o início da operação, a PF apura fraudes em benefícios previdenciários que somam ao menos R$ 1,3 bilhão. O grupo atuava criando entidades de fachada para simular sindicatos e associações de aposentados. Por meio dessas estruturas, cadastravam milhares de beneficiários com documentação falsificada ou manipulada.

Ademais, os suspeitos contavam com a conivência de servidores públicos, o que facilitava o processamento e a liberação dos benefícios. Essa combinação entre brechas institucionais e corrupção interna deu ao esquema uma escala industrial.

Durante a investigação, os agentes constataram que o número de pessoas “beneficiadas” com os recursos fraudados ultrapassava os 300 mil registros. Além disso, uma única entidade chegou a registrar até 1.500 filiações por hora, ritmo considerado impossível sem algum tipo de manipulação digital.

Portanto, o foco atual da Polícia Federal é identificar como os dados foram inseridos nos sistemas do INSS sem levantar alertas. Para isso, os investigadores utilizam auditorias digitais e o cruzamento de informações bancárias e fiscais.

PF aponta lavagem de dinheiro como etapa final

Depois do desvio dos recursos, os suspeitos transformavam o dinheiro em ativos e investimentos. Conforme relatado pela Polícia Federal, os acusados compravam imóveis, veículos de luxo e até criptomoedas. Essas operações tinham o objetivo de ocultar a origem ilícita dos recursos e dificultar o rastreamento judicial.

Além de transações em dinheiro vivo, os investigados movimentaram recursos por meio de empresas em nome de laranjas. Essa estratégia ampliava a dificuldade de ligação direta entre os valores e os fraudadores.

Em diversos casos, as autoridades detectaram que os imóveis adquiridos com o dinheiro desviado estavam registrados em nome de pessoas sem renda compatível. Essa incongruência ajudou os investigadores a identificar os elos do esquema e a avançar nas medidas de bloqueio de bens.

Portanto, a PF deve continuar avançando nas frentes de investigação patrimonial, considerando que o prejuízo causado ao INSS impacta diretamente os cofres públicos e a sustentabilidade do sistema previdenciário brasileiro.

Consequências e próximos passos da operação

Atualmente, o governo acompanha os desdobramentos com atenção, uma vez que a magnitude da fraude exige respostas estruturais. O Ministério da Previdência informou que prepara um plano de revisão cadastral para coibir novas fraudes.

Além disso, a CGU (Controladoria-Geral da União) propõe mudanças nos critérios de concessão de benefícios. O órgão defende a inclusão de cruzamentos automáticos de dados como requisito obrigatório antes da liberação de aposentadorias e pensões.

O caso também provocou reações no Congresso Nacional. Parlamentares já cobram explicações do INSS e exigem transparência na responsabilização dos envolvidos. Diversas comissões da Câmara e do Senado anunciaram que vão abrir audiências públicas para debater o tema.

Portanto, os próximos meses devem ser decisivos para a reconstrução da confiança no sistema previdenciário. A sociedade cobra respostas claras, e as instituições precisarão reagir com medidas concretas.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.