Mercado de IAs

Gigante chinesa lança uma "IA que imita humanos"

Modelo avançado da gigante chinesa promete raciocínio semelhante ao humano e reforça aposta em autonomia tecnológica diante da concorrência global.

Sede do grupo Alibaba em Hangzhou, na China — Foto: Reuters
Sede do grupo Alibaba em Hangzhou, na China — Foto: Reuters
  • O Alibaba lançou o EMO, modelo de IA com raciocínio similar ao humano.
  • A tecnologia reforça a autonomia chinesa e disputa espaço com líderes ocidentais.
  • O avanço impõe novos debates éticos, sociais e geopolíticos sobre o uso da IA.

A gigante chinesa Alibaba lançou um modelo de inteligência artificial (IA) que promete operar com um nível de raciocínio próximo ao humano, abrindo novas possibilidades para aplicações comerciais e científicas. Assim, a novidade amplia a disputa no setor dominado por empresas ocidentais como OpenAI e Google, ao mesmo tempo em que fortalece a estratégia do governo chinês de alcançar soberania tecnológica.

Novo salto da IA chinesa

O modelo de IA anunciado pelo Alibaba, chamado EMO (Evolutionary Model Optimization), representa um avanço significativo. Segundo a empresa, o sistema aprende a resolver problemas como humanos, utilizando memória de longo prazo e raciocínio lógico. Diferente de outros modelos de linguagem natural, como o ChatGPT ou o Gemini, o EMO incorpora uma estrutura cognitiva mais próxima da mente humana.

Além disso, o modelo permite aplicações versáteis em setores como logística, comércio eletrônico, medicina e segurança cibernética. Embora os detalhes técnicos completos ainda não tenham sido divulgados, o Alibaba afirma que a IA se destaca por tomar decisões autônomas com base em contextos complexos. Isso reforça a posição da empresa como líder em inovação tecnológica na Ásia.

Ao mesmo tempo, esse movimento segue a diretriz do governo chinês de reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras, especialmente em áreas sensíveis como defesa, finanças e infraestrutura digital. Assim, o Alibaba se alinha ao plano nacional de fortalecimento da IA, adotado desde 2017, que visa tornar a China a maior potência global no setor até 2030.

Mesmo com o entusiasmo, especialistas apontam que o EMO ainda precisa passar por validações externas. Isso inclui testes em ambientes diversos e auditorias independentes que atestem sua real capacidade cognitiva. Portanto, ainda é cedo para medir sua superioridade frente aos modelos ocidentais mais consolidados.

Disputa global pela liderança

Com o lançamento do EMO, a China mostra que pode competir diretamente com as principais big techs dos EUA. OpenAI, Google e Meta lideram atualmente o mercado de IA generativa, mas enfrentam críticas sobre privacidade, segurança e transparência de algoritmos. Nesse cenário, o Alibaba tenta se posicionar como alternativa robusta e mais ajustada a padrões regulatórios locais.

Enquanto isso, a disputa não se limita à tecnologia em si, mas também à influência geopolítica por trás do desenvolvimento da IA. O controle sobre essas ferramentas define quem lidera a economia do futuro. Por isso, o lançamento do EMO vai além da inovação corporativa: ele se insere em um embate estratégico entre potências.

De maneira semelhante, os Estados Unidos aceleram seus investimentos em IA, apoiando startups e grandes empresas por meio de subsídios e políticas de incentivo. Contudo, a vantagem que essas empresas detêm ainda depende de infraestrutura de chips e servidores, o que pode ser um ponto vulnerável frente à independência chinesa.

Além disso, o lançamento do EMO pode estimular outras gigantes asiáticas, como Baidu e Tencent, a intensificarem seus próprios projetos. Isso criaria uma nova onda de inovação no Oriente, com efeitos de longo prazo no equilíbrio global de poder tecnológico.

Uma nova era na inteligência artificial?

Embora o EMO represente um salto relevante, ele também traz desafios éticos. À medida que os modelos se tornam mais autônomos, cresce o risco de decisões imprevistas ou mal interpretadas por usuários e empresas. Por isso, regulamentações internacionais tornam-se urgentes para garantir o uso seguro e responsável da IA.

Outro aspecto que exige atenção envolve a transparência dos dados usados no treinamento desses modelos. Caso os algoritmos reflitam vieses ou sejam alimentados com informações distorcidas, as consequências podem ser graves, sobretudo em áreas sensíveis como saúde ou segurança pública.

Além disso, o EMO reabre o debate sobre o impacto da automação no mercado de trabalho. Se empresas adotarem essas ferramentas em larga escala, milhões de empregos poderão ser substituídos por sistemas inteligentes. Por isso, políticas públicas precisarão acompanhar a velocidade da inovação.

Diante disso, o avanço do Alibaba representa mais do que uma novidade tecnológica. Ele marca uma virada de chave na corrida global pela inteligência artificial, desafiando as estruturas tradicionais de poder digital e exigindo respostas rápidas de governos e sociedade civil.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.