
- Diamondback alerta que o xisto entrará em declínio ainda neste trimestre
- EUA e China não retomam negociações, e economias mostram sinais de desaceleração
- Arábia Saudita lidera movimento por mais oferta, pressionando ainda mais os preços
A cotação do petróleo saltou no mercado asiático nesta terça-feira, revertendo perdas recentes e provocando alarme entre investidores globais.
O movimento acontece após a gigante americana Diamondback Energy Inc. anunciar que a produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos chegou ao seu ápice e entrará em declínio já neste trimestre, consequência direta da queda acentuada dos preços da commodity.
Os contratos futuros do Brent para julho subiram 1,3%, chegando a US$ 61,04 por barril, enquanto os do West Texas Intermediate (WTI) avançaram 1,4%, para US$ 57,54. Apesar do impulso, os preços permanecem perigosamente próximos de uma mínima histórica de quatro anos, refletindo uma crise que vai muito além de flutuações de curto prazo.
Produção dos EUA em xeque
A Diamondback Energy, maior produtora independente de petróleo na Bacia do Permiano, no Texas, lançou um alerta que abalou o mercado: com os atuais níveis de preços, não é mais viável economicamente expandir a produção.
Em carta a seus acionistas, a empresa afirmou que: “a produção de petróleo onshore dos EUA atingiu o pico e começará a declinar neste trimestre”, antecipando uma redução significativa nas metas de produção e nos investimentos para 2025.
Essa projeção entra em rota de colisão com o discurso do ex-presidente Donald Trump, que tem feito reiterados apelos pelo aumento da produção energética doméstica como resposta à instabilidade externa. Mas a realidade econômica imposta pelos preços baixos está desmontando os planos de expansão, mesmo em áreas antes altamente rentáveis como o xisto.
Guerra comercial pressiona demanda
O conflito comercial entre Estados Unidos e China permanece como um dos principais fatores de incerteza no mercado global de petróleo. A escalada tarifária entre as duas potências reduziu o apetite das economias por energia, pressionando ainda mais os preços e afetando diretamente a confiança dos investidores.
Apesar de sinais de que Washington e Pequim poderiam retomar negociações, até agora nenhum diálogo efetivo ocorreu, mantendo o mercado em clima de instabilidade.
Dados econômicos recentes reforçam esse cenário sombrio: o setor de serviços da China cresceu abaixo das expectativas em abril. Enquanto, a economia dos EUA revelou uma contração inesperada em seu Produto Interno Bruto.
Opep+ joga lenha na fogueira
Como se não bastassem os choques de demanda e os problemas internos nos EUA, a Opep+ também surpreendeu negativamente no último fim de semana. A coalizão liderada pela Arábia Saudita anunciou um aumento de produção muito maior que o previsto. Assim, minando os esforços anteriores de manter a estabilidade do mercado.
A decisão do cartel rompe com mais de dois anos de cortes na produção e visa compensar a perda de receita provocada pelos baixos preços. Porém, essa estratégia pode ter o efeito contrário. Dessa forma, afundando ainda mais os preços no curto prazo e aprofundando a crise entre os produtores independentes de países fora da Opep, como os Estados Unidos.
Com oferta em expansão desordenada, demanda enfraquecida e guerra comercial em curso, os mercados de energia enfrentam um novo capítulo de volatilidade extrema. E se a previsão da Diamondback se confirmar, a era de expansão acelerada do petróleo de xisto pode ter chegado ao fim.