Risco de deportação

Harvard na mira: Trump ameaça expulsar estudantes internacionais

Universidade tem até 30 de abril para responder a acusações de conivência com protestos e mais de 6 mil estrangeiros podem ser afetados.

Harvard na mira: Trump ameaça expulsar estudantes internacionais
  • O governo Trump exigiu que Harvard entregue até 30 de abril um relatório sobre protestos violentos com participação de alunos estrangeiros
  • Se não responder, a universidade pode perder a permissão para emitir documentos de visto estudantil, afetando mais de 6 mil alunos internacionais
  • A ação faz parte de uma campanha maior contra universidades acusadas de tolerar ativismo político e ameaçar a comunidade judaica

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) notificou formalmente a Universidade de Harvard, exigindo explicações sobre supostas “atividades ilegais e violentas” cometidas por alunos estrangeiros durante recentes protestos no campus.

A ação, liderada pela secretária Kristi Noem, pressiona uma das instituições mais prestigiadas do mundo a entregar até o fim de abril um relatório detalhado. Se Harvard não responder, poderá perder sua certificação no Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVP), o que inviabilizaria a emissão de documentos necessários à permanência legal de estudantes internacionais no país.

A medida coloca em risco a situação de cerca de 6.793 alunos estrangeiros, que representam 27,2% do corpo discente da universidade no ano letivo de 2024-2025. Harvard agora enfrenta um dilema: ou cede à pressão do governo Trump ou confronta um movimento político que ameaça não apenas sua autonomia institucional, mas também o futuro acadêmico de milhares de alunos do exterior.

Universidade enfrenta ameaça inédita

Segundo o jornal The Harvard Crimson, a carta enviada pelo governo acusa Harvard de negligência diante de atos considerados antissemitas e violentos. A secretária Noem exige que a instituição identifique estudantes estrangeiros que participaram de protestos, perturbaram o ambiente acadêmico ou ameaçaram colegas. A mensagem oficial deixa claro que “frequentar Harvard é um privilégio, não um direito”, o que evidencia o tom punitivo da iniciativa.

Em resposta, a universidade defendeu sua independência e alertou para o risco de violação dos direitos constitucionais.

“Continuaremos a cumprir a lei e esperamos que a Administração faça o mesmo”, declarou a nota da instituição, reafirmando seu compromisso com a liberdade de expressão e a legalidade dos atos administrativos.

Além disso, o DHS já cancelou duas bolsas federais destinadas à universidade, que totalizavam US$ 2,7 milhões. O gesto amplia, assim, o alcance da retaliação e sinaliza que a administração Trump está disposta a usar instrumentos financeiros e migratórios para forçar mudanças nas políticas universitárias.

Campanha contra universidades ganha força

A investida contra Harvard faz parte de uma campanha mais ampla da Casa Branca para reconfigurar o ambiente acadêmico nos Estados Unidos. Desde o retorno de Donald Trump à presidência, o governo tem pressionado universidades a eliminar programas de diversidade.

E, ainda, adotar critérios de admissão estritamente baseados em mérito acadêmico e restringir protestos no campus, especialmente manifestações ligadas ao conflito entre Israel e Palestina.

Nos últimos meses, o governo federal já congelou mais de US$ 2 bilhões em bolsas e contratos com instituições consideradas resistentes às novas diretrizes. Também revogou vistos de estudantes e pesquisadores acusados de participar de manifestações políticas. Ainda, sob a justificativa de combater o “ativismo disfarçado de educação”.

Apesar do apoio de setores conservadores, críticos alertam para o risco de perseguição ideológica e censura. Para eles, o governo Trump busca usar o aparato estatal para impor uma agenda autoritária nas universidades. Assim, comprometendo a liberdade acadêmica e transformando o ensino superior em um campo de batalha política.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.