
- Crescimento acelerado da dívida pública brasileira, com previsão de atingir 84% do PIB até o final do próximo ano.
- Necessidade urgente de um ajuste fiscal crível para evitar inflação elevada ou inadimplência na dívida.
- Importância de restaurar a credibilidade econômica para reduzir as taxas de juros e estimular a economia.
Em meio à crescente pressão sobre as contas públicas, o economista Mansueto Almeida voltou a acender o alerta para os riscos que o Brasil enfrenta caso não avance com responsabilidade fiscal. Segundo ele, o país caminha por um fio entre dois cenários extremos: inflação elevada ou calote da dívida pública.
A declaração ocorre em um momento de incertezas políticas e econômicas, e reacende a discussão sobre o papel do governo na construção de credibilidade e previsibilidade fiscal. A percepção de risco já impacta os mercados e preocupa analistas, que veem no alerta uma advertência clara: ou o país se ajusta, ou mergulha na instabilidade.
Crise de confiança mina o equilíbrio fiscal
A análise de Mansueto Almeida ganha força diante da atual dificuldade do governo em apresentar medidas concretas para equilibrar as contas públicas. Segundo ele, embora o Brasil ainda possua margem para financiar sua dívida, o problema central está na credibilidade. A confiança dos investidores, que já mostra sinais de enfraquecimento, depende diretamente da disposição do governo em conter gastos.
Além disso, Mansueto argumenta que não se trata apenas de cumprir metas fiscais pontuais, mas de sustentar uma trajetória de responsabilidade ao longo dos anos. Com isso, ele destaca que a percepção de risco futuro tem elevado os juros e pressionado a inflação, mesmo sem aumento direto dos gastos hoje.
Portanto, o economista ressalta que, sem sinalização de controle, o país pode enfrentar um cenário de “calote implícito”, no qual o governo mantém o pagamento da dívida, mas à custa de inflação alta e perda de valor da moeda. Isso comprometeria ainda mais o poder de compra da população e travaria investimentos essenciais.
A confiança, nesse sentido, se torna o pilar fundamental. Quando governos perdem previsibilidade, a reação dos mercados é imediata. Isso, por sua vez, torna ainda mais difícil implementar políticas sociais e de crescimento sustentável.
O dilema entre populismo e estabilidade
De acordo com Mansueto, o risco de optar por medidas populistas em detrimento do ajuste fiscal tem crescido. A proximidade com disputas políticas intensifica promessas de expansão de gastos, o que, embora popular em curto prazo, gera desconfiança estrutural. Ele afirma que o Brasil precisa tomar decisões impopulares agora para garantir estabilidade no futuro.
Nesse contexto, o teto de gastos e a nova âncora fiscal aparecem como ferramentas importantes, mas que precisam de respaldo político. Enquanto o governo insiste em manter programas amplos sem aumentar a arrecadação proporcionalmente, a dívida segue crescendo. Esse movimento pressiona os títulos públicos e encarece o crédito.
Além disso, ele alerta para um fenômeno preocupante: mesmo em momentos de crescimento da arrecadação, os gastos continuam subindo. Isso demonstra falta de compromisso com o reequilíbrio fiscal e torna o país mais vulnerável a choques externos.
Portanto, a escolha não é entre investir em políticas sociais ou controlar o orçamento, mas sim fazer ambos com responsabilidade. Sem isso, o país corre o risco de perder o controle da inflação ou, ainda pior, deixar de pagar compromissos essenciais.
Ajuste fiscal como saída para o futuro
Para evitar o colapso, Mansueto sugere um caminho baseado em reformas e comunicação clara com a sociedade. O Brasil precisa convencer o mercado e a população de que está comprometido com o futuro. Isso envolve rever subsídios, cortar desperdícios e ampliar a transparência nos gastos públicos.
Ademais, ele propõe um pacto entre poderes para aprovar medidas estruturais que melhorem a arrecadação sem prejudicar os mais vulneráveis. Com equilíbrio e planejamento, é possível controlar a dívida, reduzir a inflação e garantir crescimento sustentável.
Assim, o país não depende apenas de crescimento econômico para resolver seus problemas. Precisa, antes, sinalizar que existe um plano coerente e exequível. Se houver compromisso verdadeiro, o mercado responde positivamente. Se não houver, a conta chega por meio de juros mais altos, inflação persistente e perda de oportunidades.
A escolha, portanto, está nas mãos dos governantes. E o tempo, segundo Mansueto, está se esgotando.