
- Virgínia recebeu R$ 50 milhões e 30% sobre perdas dos seguidores em parceria com site de apostas
- CPI apura se influenciadores lucram com vício em jogos e práticas ilegais
- STF autorizou Virgínia a não responder perguntas que possam incriminá-la
A influenciadora Virgínia Fonseca, um dos nomes mais populares do país nas redes sociais, comparece nesta terça-feira (13) à CPI das Bets, no Senado Federal, para prestar depoimento sobre sua ligação com plataformas de apostas online.
Com uma base de seguidores que ultrapassa 53 milhões apenas no Instagram, a empresária e figura pública virou peça-chave na investigação parlamentar que apura a influência de personalidades digitais na promoção de sites de jogos. Além da possível conexão dessas campanhas com crimes financeiros.
A convocação foi feita pela relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que justificou o pedido destacando a força de alcance da influenciadora. E, assim, sua atuação direta na divulgação de plataformas investigadas.
“Virgínia desempenha um papel central na promoção de marcas e serviços, incluindo campanhas publicitárias relacionadas a jogos de azar e apostas online”, afirmou a senadora no requerimento oficial.
Esportes da Sorte
Segundo a investigação, Virgínia teria recebido R$ 50 milhões em adiantamento da plataforma Esportes da Sorte, além de uma comissão de 30% sobre o montante perdido por usuários que se registraram por meio de seu link de indicação.
Esse modelo de remuneração, que atrela diretamente o lucro da influenciadora às perdas dos seguidores, levantou questionamentos éticos e jurídicos. Dessa forma, tornando-a uma figura central nos trabalhos da CPI.
Após o fim do contrato com a Esportes da Sorte, Virgínia assinou um novo acordo com a plataforma Blaze, com valores estimados em R$ 29 milhões por ano. COntudo, mantendo o mesmo modelo de comissão.
Para os parlamentares, é essencial entender se esse formato de negócio configura incentivo ao vício em jogos ou mesmo associação a práticas criminosas. Assim, como lavagem de dinheiro ou captação irregular de recursos.
Além de suas parcerias com casas de apostas, Virgínia também é sócia de diversas empresas. Em 2023, sua marca de cosméticos WePink faturou R$ 325 milhões. Ela também lidera a Maria’s Baby, voltada para o setor infantil, e a Talismã Digital, sua própria agência de marketing. Mesmo assim, parte de sua fortuna vem de campanhas comerciais, muitas delas questionadas por falta de transparência.
Publicidades
A CPI quer esclarecer se houve falta de identificação clara das publicidades em suas redes, o que poderia violar normas do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e comprometer a integridade do relacionamento com seus seguidores.
Parlamentares também vão questionar os critérios adotados por Virgínia para selecionar marcas com as quais se associa. E, assim, o nível de responsabilidade que assume ao promover serviços de risco como jogos de azar.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu à influenciadora o direito de permanecer em silêncio caso as perguntas da comissão possam resultar em autoincriminação. Mesmo assim, a presença de Virgínia na CPI das Bets marca um novo capítulo na crescente tensão entre figuras públicas da internet. E, consequentemente, a responsabilização sobre o conteúdo que promovem.
Outros nomes do universo digital também estão no radar da CPI. O ex-BBB Felipe Prior foi convocado, e a advogada e influenciadora Deolane Bezerra, que chegou a ser presa sob suspeita de envolvimento com apostas ilegais, segue sob investigação.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já foi acionado para fornecer relatórios de movimentações financeiras consideradas suspeitas envolvendo diversos influenciadores.
A CPI das Bets segue com a missão de investigar os impactos sociais, econômicos e legais da proliferação de plataformas de apostas no Brasil. Especialmente, quando impulsionadas por celebridades que lucram alto ao promover um universo que, para muitos, tem gerado apenas perdas.