Guera no Oriente Médio

Israel vs. Irã: quem é mais forte? Conflito expõe vantagens e fragilidades entre regimes

Confrontos já duram quatro dias e somam mais de 230 mortes dividas entre os dois territórios

Israel vs. Irã
Míssil do Irã (Foto: Reuters)

O mais recente capítulo do confronto entre Israel vs. Irã, iniciado na sexta-feira (13), já deixou ao menos 230 mortos. Mesmo com tentativas de retaliação, Teerã tem sido incapaz de responder com a mesma intensidade aos ataques orquestrados por Tel Aviv, que combinam inteligência avançada, tecnologia de ponta e estratégia cirúrgica.

Israel não apenas conseguiu atingir alvos militares de alto escalão, como também expôs o que especialistas descrevem como a “invisibilidade” de sua força aérea diante das defesas iranianas.

O saldo é brutal: líderes militares, cientistas nucleares e infraestrutura estratégica iraniana foram eliminados ou neutralizados.

O Irã, por sua vez, contabiliza ataques pontuais, pouco eficazes, e com baixa capacidade de dano.

Os golpes mais duros desferidos por Israel

Nos últimos dias, as forças israelenses:

  • Eliminaram líderes-chave, como Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária, e Mohammad Bagher, chefe do Estado-Maior;
  • Assassinaram cientistas nucleares ligados ao programa de mísseis;
  • Destruíram seções críticas da usina nuclear de Natanz, além de danificar Isfahan, outro centro atômico importante;
  • Bombardearam bairros da capital Teerã, numa clara demonstração de alcance e impunidade operacional;
  • Neutralizaram uma aeronave de abastecimento a mais de 2 mil km de distância, no ataque mais remoto até agora.

Mesmo com 230 mortos registrados — incluindo civis —, o Irã foi responsável por 22 mortes do lado israelense, sem qualquer ataque de grande porte que tenha atingido instalações críticas ou oficiais de alto escalão em Israel.

“Os céus iranianos são de Israel”

O domínio israelense não surgiu do nada. Em outubro de 2024, uma série de ataques preparatórios destruiu parte significativa das defesas aéreas iranianas, como o sistema S-300 — considerado um dos mais avançados do país.

“Hoje, os céus iranianos são de Israel”, afirmou o professor Leonardo Trevisan (ESPM), reforçando a tese de que Tel Aviv possui liberdade quase total de voo sobre território inimigo.

O professor Vitelio Brustolin (UFF/Harvard) explica que a estratégia israelense foi minuciosa: “Eles degradaram a capacidade de defesa do Irã para permitir esses ataques profundos. Agora, Israel ataca onde quer, quando quer”.

Irã: um exército com tecnologia defasada

Apesar de possuir um dos maiores arsenais de drones do mundo, o Irã tem uma força militar marcada por:

  • Obsolescência tecnológica, especialmente na aviação;
  • Baixa precisão dos mísseis e drones, incapazes de ultrapassar o sistema antiaéreo israelense;
  • Dependência da indústria bélica nacional, limitada por sanções e embargos internacionais.

O orçamento militar iraniano é de cerca de US$ 8 bilhões — menos de um terço do israelense, que chega a US$ 34 bilhões, segundo dados do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).

Isolamento e aliados enfraquecidos

No campo geopolítico, Teerã também enfrenta dificuldades:

  • O Hezbollah perdeu líderes e infraestrutura após ataques israelenses entre 2023 e 2024;
  • A queda do regime de Bashar al-Assad, na Síria, afetou rotas de apoio a grupos aliados;
  • A Rússia, principal fornecedora de armas modernas, está imersa na guerra da Ucrânia e tem colaborado pouco com o Irã.

“O Irã está praticamente isolado. O apoio da Rússia não é decisivo, e a perda de aliados como Assad e o enfraquecimento do Hezbollah reduzem drasticamente seu poder regional”, afirma o cientista político Carlos Gustavo Poggio.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.