Base intacta?

Lula estabiliza popularidade mesmo após escândalo do INSS, aponta Ipespe

Mesmo com polêmica, índices de aprovação e desaprovação voltam a patamares de março e surpreendem analistas.

Lula estabiliza popularidade mesmo após escândalo do INSS, aponta Ipespe Lula estabiliza popularidade mesmo após escândalo do INSS, aponta Ipespe Lula estabiliza popularidade mesmo após escândalo do INSS, aponta Ipespe Lula estabiliza popularidade mesmo após escândalo do INSS, aponta Ipespe
Crédito: Depositphotos
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  • Lula registra 40% de aprovação e 54% de desaprovação, patamares idênticos aos de março.
  • Apesar de desvios bilionários, o episódio impactou pouco a avaliação geral do governo.
  • Leves variações em subgrupos indicam possíveis mudanças de opinião, mas sem afetar tendência global.

A pesquisa Pulso Brasil/Ipespe divulgada em maio revela que a aprovação do presidente Lula se mantém em 40%, enquanto sua desaprovação alcança 54%, níveis praticamente iguais aos de março, antes de uma breve recuperação em abril e queda posterior motivada pelo escândalo do INSS.

Estabilidade inesperada diante da crise

A estabilidade nos índices de aprovação surpreende porque muitas sondagens anteriores sinalizavam oscilações mais acentuadas. Além disso, o levantamento indica que, mesmo após denúncias envolvendo descontos indevidos no INSS, a percepção do público não se alterou substancialmente. Por isso, analistas consideram que o governo conseguiu convencer uma base fiel de apoiadores.

O Ipespe entrevistou 2.500 eleitores entre 20 e 25 de maio, combinando ligações telefônicas e questionários online. Com margem de erro de dois pontos e nível de confiança de 95%, a pesquisa oferece confiança estatística para a comparação com levantamentos anteriores. Ainda assim, é importante destacar que pequenas variações dentro da margem de erro não refletem mudanças reais de opinião.

Enquanto isso, partidos de oposição reagiram em bloco às constatações. Eles afirmam que a estabilidade pode resultar de “blindagem política” proporcionada por alianças regionais e pelo uso de redes sociais. No contraponto, aliados do governo creditam o desempenho ao dinamismo econômico e a programas sociais mantidos durante os últimos meses.

Polêmica do INSS e reação do eleitorado

Em abril, Lula chegou a recuperar pontos de aprovação quando as notícias sobre o escândalo do INSS ainda eram iniciais. Contudo, após a revelação de R$ 6,3 bilhões desviados em benefícios, os índices retornaram aos níveis anteriores. Assim, o caso ilustra que crises de grande repercussão podem gerar impacto, mas sem alterar a tendência de médio prazo.

Apesar da gravidade do escândalo, parte do eleitorado enxergou o episódio como falha pontual de servidores, e não do presidente. Dessa forma, o desgaste político ficou restrito ao Ministério da Previdência e ao INSS, em vez de migrar para o Palácio do Planalto. Portanto, o engajamento de apoiadores permaneceu sólido, mesmo em ambiente de incerteza.

Contudo, pesquisadores lembram que a estabilidade pode esconder desgastes em subgrupos específicos. Entre jovens de 16 a 24 anos e eleitores de grandes centros urbanos, por exemplo, houve leve aumento na desaprovação, embora ainda dentro da margem de erro. Esse dado alerta para possíveis mudanças de comportamento em eleições futuras.

Comparativo temporal e perspectivas

A comparação com março revela que, antes de o escândalo explodir na imprensa, Lula mantinha 40% de apoio e 54% de rejeição. Em abril, esses números chegaram a 42% e 52%, respectivamente. Porém, a pesquisa de maio registrou 40% de aprovação e 54% de desaprovação — voltando ao ponto de partida.

Para 2026, cientistas políticos avaliam que a capacidade de resiliência do governo dependerá da agenda legislativa e do avanço de pautas econômicas. Além disso, a efetividade de programas nas áreas social e educacional pode ampliar ou reduzir o leque de eleitores fiéis. Por isso, a administração federal terá de apresentar resultados concretos para manter o patamar de aprovação.

Mesmo com o desgaste de alguns escândalos, Lula segue com 40% de apoio, índice considerável em cenário de polarização. A consolidação desse patamar sugere que, por enquanto, a base política permanece inabalável — desde que o governo evite novos casos de corrupção e aperfeiçoe a comunicação de suas políticas.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.