Explosão no ministério

Lupi teria recebido propinas de mais de R$ 1 milhão, em 2011 e 2014

Com mochila de luxo e denúncia de máfia sindical, Ana Cristina expõe esquema no Ministério do Trabalho e população exige demissão de Lupi.

Carlos Lupi - Imagem: Reprodução: Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Carlos Lupi - Imagem: Reprodução: Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
  • Empresária confessa propina de R$ 200 mil a Carlos Lupi em troca da criação de sindicato e denuncia máfia no Ministério do Trabalho
  • Fraudes no INSS somam até R$ 6,3 bilhões e 85% dos brasileiros defendem demissão de Lupi, segundo pesquisa Atlas/Intel
  • Senadora Damares Alves pede impeachment de Lupi por omissão; oposição conquista assinaturas para CPI dos Aposentados

O escândalo que hoje ameaça derrubar o ministro Carlos Lupi e respinga diretamente no governo Lula teve origem ainda em 2011. Quando surgiram as primeiras suspeitas de corrupção dentro do Ministério do Trabalho.

Na época, Lupi já comandava a pasta e enfrentava denúncias de favorecimento a entidades sindicais em troca de propinas. Dessa forma, acusações que o levaram a pedir demissão sob forte pressão política.

Mais de uma década depois, o passado volta à tona com força: a empresária Ana Cristina Aquino revelou ao Ministério Público Federal que pagou R$ 200 mil ao então ministro, em espécie, numa mochila de grife, para viabilizar a criação de sindicatos ligados às suas transportadoras. O caso reacende antigas feridas e amplia a crise no núcleo trabalhista e previdenciário do governo.

Entenda melhor a história:

A empresária mineira Ana Cristina Aquino jogou uma bomba no colo do governo federal ao revelar, em depoimento ao Ministério Público Federal, que entregou R$ 200 mil em propina ao ex-ministro do Trabalho e atual presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.

Ela revelou que usou uma “mochilinha Louis Vuitton” para pagar pelo acordo de criação do sindicato de suas empresas AG Log e AGX Log Transportes. A denúncia, publicada pela revista IstoÉ, também envolve o atual ministro do Trabalho, Manoel Dias, apontado por Ana como “continuador do esquema” de favorecimento.

A empresária detalhou um suposto esquema de corrupção envolvendo a criação de sindicatos com pagamento de propinas. Contudo, que funcionaria como uma verdadeira máfia dentro da estrutura do Ministério do Trabalho.

Ela admite ter participado da operação durante três anos, mas agora rompeu o silêncio após ter sido ameaçada e abandonada pelos antigos aliados. A Polícia Federal já investiga se suas empresas serviram como canal de repasse dos valores pagos ao grupo.

Pressão e fraude bilionária

Carlos Lupi, que atualmente comanda o Ministério da Previdência Social, afirmou que só se manifestará após ter acesso aos documentos entregues ao MPF. Porém, as denúncias aumentam a pressão sobre o ministro, que já se vê no centro de outro escândalo: as fraudes bilionárias envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e benefícios do INSS.

Os dois episódios estão ligados por uma mesma teia de suspeitas que envolve sindicatos, contribuições compulsórias e omissão do Estado. A crise se intensificou com a divulgação de uma pesquisa do instituto Atlas/Intel, segundo a qual 85% da população brasileira defende a demissão de Carlos Lupi.

A rejeição ao ministro se ampliou após ele prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados sobre a fraude estimada em até R$ 6,3 bilhões envolvendo descontos não autorizados de aposentados.

Lupi, contudo, classificou a situação como “grave”, mas tentou se eximir da responsabilidade. Alegando que o INSS não pode funcionar como “intermediário” entre beneficiários e sindicatos.

Parlamentares da oposição reagiram. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) entrou com um pedido de impeachment contra o ministro na Procuradoria-Geral da República por omissão diante das denúncias.

A oposição também garantiu as assinaturas para instaurar a “CPI do Roubo dos Aposentados”. Assim, com o objetivo de apurar a atuação do ministério na facilitação das fraudes.

A pesquisa mostrou que 58% dos brasileiros não sofreram descontos indevidos, mas 35,6% conhecem vítimas e 6,4% foram afetados diretamente. Os números mostram que a crise no INSS atingiu forte repercussão social e desgastou ainda mais a imagem do governo Lula, que agora precisa decidir entre manter o aliado político ou responder à pressão popular.

Ao tentar justificar sua permanência, Lupi se disse perseguido politicamente, mas as denúncias acumuladas e a perda de apoio popular colocam seu futuro no cargo em xeque. Com a crise ganhando novos contornos a cada semana, o governo corre contra o tempo para conter o desgaste antes que a oposição amplie seu poder de fogo no Congresso.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.