Desvio bilionário

Órgão ligado ao MST teria desviado R$ 2 bi do INSS, aponta PF

Confederação ligada ao MST é acusada de realizar descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas, com indícios de lavagem de dinheiro​.

Crédito: Depositphotos
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  • A PF apura uma fraude de R$ 2 bilhões em descontos indevidos de aposentadorias vinculadas à Contag.
  • A Contag tem ligação histórica e operacional com o MST, o que amplia a repercussão política do caso.
  • A investigação aponta possível lavagem de dinheiro e falta de autorização dos beneficiários nos descontos feitos.

A Polícia Federal identificou fortes indícios de fraude, apropriação indevida e lavagem de dinheiro por parte da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Segundo a investigação, a entidade, ligada ao MST, teria descontado irregularmente mais de R$ 2 bilhões de aposentadorias e pensões do INSS ao longo de cinco anos. O caso gera preocupação por envolver recursos públicos e milhões de beneficiários do sistema previdenciário.

Entidade vinculada ao MST é alvo de nova investigação

A Polícia Federal apontou que a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) se beneficiou de descontos indevidos nos contracheques de aposentados e pensionistas do INSS. Conforme revelou a Folha de S.Paulo, os valores, que ultrapassam R$ 2 bilhões, teriam sido cobrados sob a justificativa de mensalidades associativas, sem autorização expressa dos beneficiários.

Dessa forma, o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União acompanham de perto o caso. As apurações indicam que a Contag, por meio de seus sindicatos filiados, teria utilizado convênios com o INSS para efetuar os descontos automáticos diretamente nos benefícios previdenciários. Ainda segundo o relatório da PF, o dinheiro era redistribuído para centenas de sindicatos, que posteriormente repassavam parcelas à Contag.

Embora o caso envolva diretamente a Contag, as investigações ampliaram o foco ao detectar que a estrutura da entidade é fortemente vinculada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Isso aumenta o impacto político do escândalo, já que o MST possui interlocução direta com setores do governo.

A Contag e sua relação com o MST

Fundada em 1963, a Contag representa mais de quatro mil sindicatos rurais em todo o Brasil. Historicamente, ela atua na defesa dos direitos trabalhistas no campo, promovendo campanhas de sindicalização, negociações salariais e ações de capacitação para trabalhadores rurais. No entanto, com o passar dos anos, sua atuação passou a se entrelaçar com movimentos de luta pela terra.

Nesse contexto, a relação com o MST se consolidou por meio da militância comum em pautas agrárias e sociais. A proximidade se intensificou durante governos de orientação progressista, nos quais a Contag ganhou protagonismo em conselhos e órgãos federais. Apesar de atuarem formalmente de forma separada, ambas as entidades compartilham lideranças, métodos de mobilização e objetivos estratégicos.

Além disso, a suspeita de fraudes envolvendo recursos da previdência social agrava o cenário. Isso porque muitos dos beneficiários lesados fazem parte da base sindical da Contag, o que compromete a legitimidade de sua atuação como representante legal desses trabalhadores.

Avanço das investigações da PF sobre os descontos do INSS

Segundo relatório obtido pela Polícia Federal, a fraude teria ocorrido entre 2018 e 2023. Durante esse período, a Contag e suas entidades filiadas teriam acumulado mais de R$ 2 bilhões em valores descontados indevidamente de beneficiários. O relatório foi entregue à Justiça Federal, e o inquérito segue em sigilo.

Além dos valores desviados, a PF investiga a existência de um esquema de lavagem de dinheiro por meio de transferências internas entre sindicatos. Com isso, parte dos recursos teria sido destinada à manutenção de lideranças sindicais, pagamento de despesas pessoais e financiamento de ações políticas ligadas ao movimento rural.

A investigação também revelou que muitos beneficiários sequer sabiam que contribuíam para sindicatos. Em alguns casos, sequer reconheciam a entidade que fazia o desconto. Isso levanta suspeitas de falsificação de autorizações e uso indevido de dados pessoais, o que pode configurar crimes adicionais, como estelionato e uso de documento falso.

Portanto, o caso representa uma das maiores fraudes previdenciárias já investigadas no país, colocando em xeque a fiscalização dos convênios entre INSS e entidades sindicais.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.