- Pietro Mendes foi indicado para uma diretoria da ANP, com aprovação da Presidência e sabatina no Senado
- A queda nas ações da Petrobras refletiu a expectativa de maior influência do PT na empresa
- O PT deve indicar um novo diretor para a ANP, com Bruno Moretti como o nome mais cotado
- A troca de comando na Petrobras aumentou as tensões entre os grupos de Prates e Mendes
Na noite de quarta-feira (4), a Petrobras confirmou que o Ministério de Minas e Energia indicou Pietro Mendes, presidente do conselho, para uma diretoria da ANP, a ser considerada pela Casa Civil.
A estatal esclareceu que, se a Presidência da República aprovar a indicação, o Senado sabatiná o nome de Mendes. Contudo, antes de sua nomeação formal por Luiz Inácio Lula da Silva.
A mudança de Mendes para a ANP ocorre em um contexto de mudanças aguardadas na estrutura da Petrobras e da ANP. A possível ampliação da influência do Partido dos Trabalhadores (PT) na gestão da Petrobras gerou discussões e preocupações no mercado financeiro.
Clima de incerteza
A ação da companhia no pregão de quarta-feira refletiu esse clima de incerteza, com os papéis da Petrobras PETR3 fechando em queda de 0,96%. Assim, cotados a R$ 42,37, e PETR4 com queda de 0,63%, a R$ 39,25.
O mercado reagiu à possibilidade de um movimento mais explícito do governo Lula para ampliar sua presença na direção da Petrobras e na ANP.
A expectativa é que o PT, por meio do Ministério da Casa Civil, indique um substituto para a diretoria da ANP que ocupe uma posição estratégica para o governo. Nomes cotados para o cargo incluem o economista Bruno Moretti, o ex-ministro do governo Dilma Rousseff, Vitor Saback, e Renato Galuppo.
Outra possibilidade apontada pela coluna de Malu Gaspar, no jornal O Globo, é o advogado Benjamin Alves Rabello. As movimentações indicam que o governo está alinhado com a necessidade de fortalecer sua presença nas principais áreas regulatórias do setor de petróleo e gás.
Aprovando a indicação
No entanto, o governo visa manter a correlação de forças no colegiado da Petrobras. Assim, composto por 11 administradores, sendo seis diretamente indicados pelo governo.
Para isso, o governo aguarda a aprovação da indicação de Mendes no Senado antes de realizar mudanças mais amplas na empresa. A estratégia é que Pietro Mendes renuncie à presidência do conselho antes ou durante a reunião marcada para o dia 20 de dezembro. Contudo, momento em que o governo deverá comunicar a Petrobras sobre o novo indicado.
As movimentações na Petrobras também refletem o contexto de mudanças internas que a empresa vem atravessando. Jean Paul Prates, que havia assumido a presidência executiva da Petrobras, deixou o cargo em um momento de turbulência política e empresarial, sendo substituído por Magda Chambriard.
Essa troca de comando resultou em tensões internas, com conflitos entre os grupos ligados a Prates e aqueles alinhados ao presidente do conselho, Pietro Mendes.
Esses conflitos se intensificaram devido a declarações públicas, críticas cruzadas e divergências sobre as diretrizes estratégicas e as indicações no alto escalão da companhia.
Conflitos internos
A briga interna na Petrobras, entre os grupos de Prates e Mendes, ficou conhecida pelo termo “silveirinhas”, usado para se referir aos conselheiros alinhados a Pietro Mendes e ao ex-ministro Silveira.
As disputas por poder dentro da empresa indicam um clima de instabilidade que, segundo analistas, pode afetar a estratégia de gestão da Petrobras e seu relacionamento com o governo federal.
A Petrobras passará por reestruturação e ajustes na governança, enquanto o governo Lula busca consolidar sua influência e alinhar as políticas energéticas da estatal às suas diretrizes.
O desfecho da indicação de Pietro Mendes para a ANP e a escolha do seu substituto na Petrobras terão implicações significativas para o futuro da empresa e para o setor de petróleo e gás no Brasil.
O mercado, por sua vez, continuará atento às movimentações políticas e empresariais, em busca de sinais sobre a direção que a estatal tomará nos próximos meses.