
- Samir Xaud enfrentou cinco ações e teve bens bloqueados por dívidas com ex-funcionários de sua antiga empresa.
- Ele responde por improbidade e foi suspenso como perito médico, mas nega qualquer irregularidade.
- Com o apoio de 25 federações, Samir Xaud se aproxima de vencer a eleição para presidente da CBF neste domingo, já que nenhum adversário se inscreveu no pleito.
Samir Xaud, de 41 anos, vive expectativa de assumir a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) neste domingo (25), mas seu passado empresarial levanta preocupações. Ele enfrentou processos trabalhistas, teve bens bloqueados e responde a outras denúncias graves.
Acusações trabalhistas revelam pendências antigas
Xaud atuou como sócio da loja Difratelli Móveis, em Boa Vista (RR), entre 2013 e 2016. Durante esse período, ex-funcionários moveram ao menos cinco ações trabalhistas contra a empresa. Eles afirmaram que a loja deixou de pagar salários, férias e 13º salário, além de não depositar o FGTS e reter carteiras de trabalho.
Sendo assim, as ações tramitaram principalmente entre 2016 e 2017. Então, a Justiça determinou bloqueios de bens após constatar que os funcionários foram contratados ainda na época em que Xaud e sua esposa, Natália, eram os únicos sócios da empresa.
Além disso, um dos trabalhadores contou que foi xingado e humilhado ao cobrar seus direitos. Em outro processo, um projetista aceitou um acordo com os três sócios, incluindo Xaud. No entanto, nenhum pagamento foi feito até a Justiça realizar a penhora de contas bancárias do casal.
Justiça responsabilizou Xaud mesmo após saída da empresa
Xaud alegou que havia deixado a sociedade quando as ações foram ajuizadas. Mesmo assim, os juízes mantiveram sua responsabilidade. Segundo a CLT, ex-sócios respondem por débitos trabalhistas se a ação for protocolada até dois anos após sua saída da empresa.
A Justiça tentou cobrar os novos donos da loja, mas não encontrou bens ou contas com saldo. Por isso, ordenou bloqueios diretamente contra Xaud e Natália. Os juízes afirmaram que os sócios anteriores abandonaram a empresa e não responderam às notificações judiciais.
Mesmo após as decisões, Xaud declarou desconhecer qualquer processo em que tenha descumprido a lei. Ele afirmou que sempre cumpriu suas obrigações e reafirmou seu compromisso com a ética e a legalidade.
Eleição sem adversários e apoio quase unânime
Apesar do histórico judicial, Xaud provavelmente chegará ao cargo mais alto do futebol brasileiro com apoio maciço. Ele recebeu o endosso de 25 das 27 federações estaduais, o que inviabilizou qualquer outra candidatura.
Ademais, Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, tentou disputar a eleição. No entanto, não conseguiu apoio de pelo menos oito federações, como exige o estatuto da CBF. Com isso, a vitória de Xaud já está praticamente garantida.
A eleição ocorre após o afastamento de Ednaldo Rodrigues, acusado de firmar um acordo com assinatura falsa. O ex-presidente decidiu não recorrer da decisão judicial.
Candidato único à presidência da CBF, Samir Xaud. (Foto: reprodução/Instagram/@federacaororaimensedefutebol)
Outras denúncias atingem o futuro presidente da CBF
Além das ações trabalhistas, Xaud enfrenta outras acusações. Segundo o jornal O Globo, ele foi suspenso da função de perito médico por erro em um laudo judicial. O caso envolveu uma vítima de acidente de moto. Xaud teria examinado o braço do paciente, ignorando a lesão permanente na perna. Ele nega a falha.
Outro processo corre na Justiça por suposta improbidade administrativa. Quando dirigiu o Hospital Geral de Roraima, entre 2017 e 2020, ele e outros gestores teriam simulado serviços para justificar pagamentos a uma empresa. O Ministério Público estima prejuízo de R$ 1,4 milhão. Xaud afirma que a ação não demonstra nenhuma conduta irregular de sua parte.
Mesmo com essas acusações, o médico e dirigente esportivo pode garantir seu espaço no comando da CBF. Seu mandato estaria previsto para começar em 2027.