
- Juíza federal suspende veto de Trump e garante estudantes internacionais em Harvard.
- Brasileiros que estudaram na universidade reagem e defendem ciência e liberdade.
- Harvard mantém postura firme e desafia tentativa de interferência do governo.
Harvard conseguiu na Justiça dos EUA a reversão de uma medida do governo Trump que proibia a presença de estudantes estrangeiros na universidade. A decisão, considerada por muitos como perseguição política, gerou forte reação internacional, inclusive entre ex-alunos brasileiros, que veem a medida como ataque à ciência e à liberdade acadêmica.
Suspensão da medida reacende tensão entre governo e universidades
Logo após o anúncio da proibição, a Universidade Harvard reagiu com rapidez. Ainda no mesmo dia, a instituição acionou a Justiça americana, alegando perseguição política e ameaça à sua missão educacional. A resposta judicial veio de forma igualmente veloz: a juíza Allison Burroughs suspendeu a medida de imediato, apontando risco de danos irreversíveis à universidade.
Além disso, a decisão de Burroughs foi acompanhada de críticas duras ao Departamento de Segurança Interna (DHS), que havia tentado revogar unilateralmente a autorização da universidade para receber estudantes estrangeiros. Segundo a magistrada, a medida não apenas feria direitos constitucionais, como também colocava em risco a integridade da produção científica internacional.
Enquanto isso, em Washington, representantes do governo mantinham o discurso de que Harvard estaria sendo usada como “instrumento político” por grupos ideológicos contrários à administração Trump.
Ex-alunos brasileiros denunciam ataque à ciência
O impacto da decisão repercutiu com força também entre os ex-alunos brasileiros da universidade. Um dos primeiros a se manifestar foi Renan Ferreirinha, atual secretário de Educação do Rio de Janeiro. Segundo ele, a presença de estudantes estrangeiros é essencial para o avanço de pesquisas com impacto global.
“Medidas como essa prejudicam diretamente descobertas científicas em áreas como saúde, meio ambiente e tecnologia. Harvard é um polo de inovação internacional, e barrar estrangeiros é um retrocesso”, afirmou Ferreirinha, destacando que o Brasil também se beneficia dessas colaborações.
Outra crítica importante veio da deputada federal Tabata Amaral, que cursou Ciências Políticas na mesma instituição. Para ela, a decisão do governo Trump revela uma tentativa de silenciar centros de pensamento livre. “Esse tipo de ação fere a democracia e destrói pontes que levaram décadas para serem construídas”, afirmou Tabata, que também ressaltou a importância do intercâmbio acadêmico para o combate à desigualdade.
Universidade desafia o governo e mantém postura firme
Apesar das ameaças, Harvard decidiu manter sua posição. Em carta aberta à comunidade, o presidente interino da universidade, Alan Garber, afirmou que a instituição não cederia a pressões políticas. Segundo ele, a decisão do governo Trump foi “injusta, arbitrária e contrária à missão acadêmica da universidade”.
Além disso, Garber anunciou que a universidade moveria processos contra os Departamentos de Segurança Interna, Estado e Justiça, além de diversos membros da administração federal. Ele reforçou que Harvard continuará sendo um espaço internacional, aberto ao diálogo, à diversidade e à ciência.
Vale lembrar que essa não é a única disputa envolvendo Harvard e o governo Trump. Recentemente, a universidade também contestou o congelamento de mais de US$ 2 bilhões em financiamento público, sob alegação de “desvio ideológico” de recursos. Com isso, o conflito entre a elite acadêmica e o governo conservador se aprofunda a cada semana.
Governo mantém discurso de enfrentamento
Enquanto a universidade angaria apoio de instituições no mundo inteiro, o governo americano reafirma sua posição. A porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin, afirmou que universidades não têm “direito automático” à matrícula de estrangeiros. Em suas palavras, isso seria “um privilégio, não uma garantia”.
Ainda segundo McLaughlin, o governo deseja reformar as diretrizes de imigração estudantil para proteger o país de “influências antiamericanas”. Essa fala, no entanto, foi duramente criticada por ONGs internacionais de educação, que acusam o governo de tentar transformar o ensino superior em campo de batalha política.
Além disso, a justificativa da Casa Branca citou o suposto apoio de Harvard a movimentos radicais, inclusive grupos simpatizantes do Partido Comunista Chinês. Tais alegações foram rebatidas por especialistas, que destacaram a ausência de qualquer evidência concreta para sustentar essas acusações.