
- Youssef Lahrech, presidente e COO, deixa o Nubank após quase seis anos, semanas depois da saída do CPO Jag Duggal
- David Vélez assume papel mais ativo na gestão, passando a ter 15 lideranças se reportando diretamente a ele
- Nubank entra em novo ciclo de crescimento com foco em agilidade e expansão global
O Nubank anunciou na noite de segunda-feira (20) mudanças na estrutura de sua liderança, envolvendo Youssef Lahrech, atual presidente e chief operating officer (COO) da companhia. Apesar de rumores iniciais no mercado, Youssef não está deixando o banco digital.
Segundo comunicado oficial da empresa, ele permanecerá no Nubank em uma nova função: como observador permanente do Comitê de Auditoria e Risco do Conselho de Administração, além de atuar como consultor em iniciativas estratégicas relacionadas à política de crédito.
A movimentação marca uma reorganização relevante no alto escalão da fintech, considerada uma das maiores da América Latina. A transição ocorre menos de dois meses após a saída do chief product officer (CPO), Jag Duggal, o que tem gerado atenção entre investidores e analistas sobre o ritmo de renovação da liderança do banco.
Youssef, ex-executivo do Capital One, era uma das figuras centrais na definição da política de crédito do Nubank, considerada o verdadeiro núcleo da operação. Sua saída, no entanto, levanta questionamentos sobre os rumos estratégicos da empresa e sobre o impacto que isso pode ter na governança e na consistência operacional da companhia.
Apesar da mudança, o fundador e CEO David Vélez afirmou que a política de crédito não sofrerá alterações com a saída de Youssef. Segundo ele, o executivo continuará ligado ao Nubank como um “observador permanente” no comitê de auditoria e risco, atuando de forma consultiva.
Turnover na alta liderança: sintoma ou estratégia?
Com duas saídas consecutivas em cargos estratégicos, investidores e analistas começaram a questionar se o Nubank enfrenta uma crise de retenção de talentos ou se passa por uma reestruturação interna estratégica. David Vélez foi direto ao responder: o banco mudou de fase.
“O Youssef e o Jag entraram há quase seis anos, quando éramos uma startup crescendo a passos largos e precisávamos de ajuda com gestão e crédito. Hoje somos outra empresa, entrando num novo ciclo”, afirmou.
Vélez ainda revelou que está assumindo um papel mais ativo na operação diária. A partir de agora, ele passará a se reportar diretamente a 15 lideranças. Contudo, quase o dobro dos oito que supervisionava anteriormente.
O movimento, segundo ele, representa um retorno ao “founder mode”, um conceito popularizado por Brian Chesky, do Airbnb, em que o fundador volta a se envolver profundamente na operação para impulsionar novas fases de crescimento.
Internacionalização e velocidade
Além da reestruturação interna, o Nubank prepara uma ofensiva internacional. Vélez, no entanto, destacou que a empresa está direcionando energia e foco total à expansão para novos mercados fora do Brasil.
Segundo ele, a nova fase exige agilidade, simplicidade e decisões rápidas — fatores que justificam o retorno do fundador a um papel mais central.
A estratégia, no entanto, aumenta a pressão sobre a liderança remanescente e os investidores, que observam com atenção os próximos passos do banco.
“Tem sim um certo ‘founder mode’. Acho que podemos agilizar e aumentar a velocidade do negócio – e com a internacionalização que estamos planejando, vamos precisar de muito foco e energia”, disse Vélez.