- BofA projeta alta de 70,01%, com preço-alvo em R$ 67, motivado por novas aquisições e expansão produtiva.
- Licenciamento ambiental e pacote fiscal podem atrasar operações e impactar receitas futuras.
- Empresa pode alcançar 225 mil barris/dia até 2028, mantendo histórico de geração de valor por aquisições.
Ações da PRIO disparam nas análises de grandes bancos, com preço-alvo saltando até 70%, apesar de incertezas ambientais e tributárias
Três grandes instituições financeiras reforçaram recentemente a recomendação de compra para os papéis da Prio (PRIO3), aumentando significativamente o preço-alvo para a ação. Citi, BTG Pactual e Bank of America (BofA) apostam no potencial de valorização da petroleira, mesmo com desafios regulatórios e possíveis impactos do novo pacote fiscal. A movimentação reacende o interesse de investidores e levanta a pergunta: ainda vale entrar?
Reforço de peso dos bancos
O Citi manteve a recomendação de compra para a PRIO3 com preço-alvo de R$ 60. A justificativa está no avanço dos projetos da companhia e na análise contínua do Ibama sobre a licença ambiental no campo de Wahoo. Embora o pedido de mais informações pelo órgão ambiental indique maior escrutínio, o banco vê isso como um sinal de avanço no processo.
Já o BTG foi além e reiterou sua recomendação de compra com preço-alvo de R$ 65. A instituição reconhece que o pacote fiscal pode afetar modestamente os resultados da empresa, especialmente nas áreas ligadas à arrecadação sobre petróleo. Ainda assim, entende que a companhia possui margem operacional e estrutura financeira sólidas para absorver eventuais perdas sem comprometer o plano de expansão.
O maior otimismo veio do Bank of America. A instituição elevou o preço-alvo da PRIO3 para R$ 67, o que representa um potencial de valorização de mais de 70% em relação ao fechamento da última terça-feira. Desse modo, o cálculo leva em consideração a incorporação de 60% da participação no campo de Peregrino, além de estimativas mais robustas sobre produção futura.
Perspectiva promissora para produção
Com base nas projeções do BofA, a produção consolidada da Prio deve atingir 111,4 mil barris por dia (bpd) já em 2025, podendo saltar para 205,5 mil bpd em 2026. A curva de crescimento é sustentada por três pilares: a aquisição do campo de Peregrino, a ativação do campo de Wahoo e a perfuração de novos poços em Frade.
Outro fator que embasa o otimismo dos analistas é a taxa interna de retorno (IRR) do investimento. Considerando o preço do Brent a US$ 60 por barril, a IRR da operação está em 19%. Caso o barril se mantenha na média de US$ 70, a taxa sobe para 28%, fortalecendo a tese de valorização de longo prazo.
Além disso, o BofA destaca o histórico da empresa na geração de valor por meio de fusões e aquisições. O modelo de negócios, baseado em reativação de campos maduros, também contribui para um fluxo de caixa saudável, projetado para acumular 72% de retorno ao acionista entre 2026 e 2027, mesmo em cenários conservadores.
Desafios ambientais e riscos fiscais
Apesar das projeções otimistas, nem tudo é calmaria no horizonte da Prio. O pedido de mais dados por parte do Ibama no processo de licenciamento do campo de Wahoo pode atrasar o início das operações. Segundo analistas, o detalhamento extra solicitado sugere um padrão mais rígido de análise, reflexo de mudanças internas no órgão ambiental.
Outro ponto de atenção é o novo pacote fiscal do governo, que pretende ampliar a arrecadação sobre o setor de petróleo. Ainda que o impacto direto sobre a Prio seja descrito como modesto, o risco regulatório e tributário ganha peso em cenários de alta volatilidade cambial.
A valorização recente do real frente ao dólar, por exemplo, já atua como contrapeso nas projeções. Mesmo com produção crescente, uma moeda mais forte pode reduzir a competitividade da exportação e limitar os ganhos em reais.
O que o investidor deve considerar
Antes de entrar ou reforçar posição em PRIO3, o investidor deve observar três fatores-chave: o andamento do licenciamento ambiental, a resposta da empresa ao novo cenário fiscal e a execução das metas de produção. A valorização esperada é alta, mas depende da materialização de premissas ousadas.
Além disso, é importante lembrar que o setor de petróleo é altamente cíclico e sensível a variações internacionais. Uma queda brusca no preço do Brent ou mudanças geopolíticas podem afetar a performance das ações no curto prazo.
Mesmo com os riscos, o consenso entre os analistas permanece positivo. A Prio tem entregado resultados consistentes, segue ampliando sua capacidade produtiva e aposta em estratégias que privilegiam a eficiência operacional.