- Rejeição a Lula atinge 66%, e ele deixa de liderar cenários de segundo turno.
- Nomes alternativos a Bolsonaro crescem, como Tarcísio e Michelle, por aumento de visibilidade.
- A rejeição deve decidir a eleição de 2026, com o avanço dos votos “anti-Lula” e “anti-Bolsonaro”.
Levantamento aponta que o presidente Lula já não lidera isolado e enfrenta empate técnico com figuras próximas ao bolsonarismo, enquanto maioria da população rejeita sua reeleição.
Quaest revelador
A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quinta-feira (5), mostra um dado revelador: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já não lidera com folga as intenções de voto para 2026. Pela primeira vez, a rejeição ao seu governo começa a se traduzir em rejeição eleitoral.
Ao mesmo tempo, cresce o conhecimento popular sobre nomes que podem substituir Jair Bolsonaro, hoje inelegível. O resultado é um cenário de empate técnico entre Lula e diversos candidatos da direita, indicando um desgaste da polarização.
Os dados revelam que 66% dos eleitores são contrários à candidatura de Lula para um novo mandato, enquanto 65% avaliam que Bolsonaro também deveria abrir mão de disputar a eleição — ainda que impedido até 2030. Para o diretor da Quaest, Felipe Nunes, o sentimento dominante é o de cansaço com a disputa contínua entre os dois líderes.
O fim de um duopólio
O levantamento reforça que Lula está tecnicamente empatado com cinco adversários: Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Ratinho Jr. e Eduardo Leite. Em simulações de segundo turno, todos os nomes mencionados aparecem com percentuais semelhantes aos do presidente.
Felipe Nunes destaca que essa movimentação não é isolada. “Pela primeira vez, a rejeição ao governo começa a se transformar em rejeição eleitoral ao Lula, o que impulsiona os nomes que orbitam Bolsonaro”, avalia. Esse fenômeno é impulsionado, entre outros fatores, pelo aumento do conhecimento popular sobre possíveis alternativas ao ex-presidente.
Nesse contexto, os potenciais herdeiros do bolsonarismo começam a se consolidar. Tarcísio, por exemplo, reduziu seu desconhecimento de 45% para 39% nos últimos cinco meses. O mesmo ocorreu com Ronaldo Caiado (de 68% para 62%), Ratinho Jr. (de 51% para 48%) e Romeu Zema (de 62% para 60%).
Efeito rejeição no jogo político
Outro dado que chama atenção é o chamado “voto por rejeição”. Segundo Nunes, ser “anti-Lula” já garante a qualquer candidato cerca de 40% de intenção de voto. Da mesma forma, ser “anti-Bolsonaro” pode render até 45%.
Esse comportamento eleitoral reflete o medo de que “o outro lado” vença a eleição. Assim, muitos eleitores não escolhem por afinidade ou proposta, mas para evitar que o adversário retorne ao poder. Com isso, a disputa de 2026 tende a ser fortemente marcada por sentimentos de aversão.
Além disso, o número de eleitores sem identificação partidária que rejeitam Lula é alto: 73%. Entre os que se dizem de direita, a rejeição chega a 95%. Mesmo no campo da esquerda não petista, 37% são contrários à reeleição do presidente.
Empate técnico, mas não total
Ainda que Lula empate com os principais adversários, ele venceria em eventuais confrontos de segundo turno contra nomes menos conhecidos, como Eduardo Bolsonaro, Caiado e Zema. Contudo, essa vantagem tende a se reduzir à medida que esses nomes se tornam mais familiares ao eleitorado.
Com a polarização enfraquecida, novos arranjos políticos começam a se desenhar. Enquanto o PT tenta conter a queda de apoio, a direita reorganiza suas forças em torno de figuras que herdam o capital político de Bolsonaro, mas buscam imagem própria.
Portanto, o jogo está em aberto. E, ao que tudo indica, 2026 será uma disputa marcada mais pela rejeição do que pela aprovação.