
- Spotify amplia receitas ao investir em podcasts e audiolivros, buscando diversificar o modelo de negócios.
- Estratégia visa fidelização e maior rentabilidade em um mercado cada vez mais competitivo.
- Movimento acompanha tendência global de transformação do consumo de mídia sonora.
A expansão do Spotify para além da música, com forte investimento em podcasts e audiolivros, representa uma estratégia clara para sustentar o crescimento em um mercado saturado. O movimento reflete tanto a busca por receitas diversificadas quanto o esforço por fidelizar usuários em diferentes frentes de consumo digital.
Spotify aposta em novos formatos para manter expansão
O Spotify divulgou nesta terça-feira (29) que sua base de assinantes pagos cresceu 12% no primeiro trimestre de 2025, atingindo 268 milhões de usuários. Chegando a 4,2 bilhões de euros na receita, o serviço de streaming mostra que sua aposta em conteúdos além da música começa a gerar resultados. Embora a música continue sendo o carro-chefe, o foco da empresa migra cada vez mais para podcasts e audiolivros.
Esse reposicionamento surge como resposta à desaceleração no crescimento do streaming musical, especialmente em mercados maduros como Europa e América do Norte. Nessas regiões, o número de novos assinantes perdeu fôlego, forçando o Spotify a encontrar caminhos alternativos para se destacar e monetizar sua base atual.
Por isso, a diversificação tornou-se uma prioridade. Desde 2020, a empresa investe pesadamente em conteúdo exclusivo de podcasts, com contratos milionários com nomes como Joe Rogan e parcerias com estúdios independentes. Mais recentemente, os audiolivros ganharam espaço na plataforma, permitindo aos assinantes Premium ouvir até 15 horas mensais sem custo adicional.
Além disso, o Spotify também reformulou seu aplicativo para destacar essas novas categorias. A seção de podcasts e livros agora aparece na tela inicial, incentivando o consumo contínuo. Dessa forma, a empresa espera aumentar o tempo médio de permanência e, consequentemente, ampliar o valor percebido pelos usuários.
Estratégia mira fidelização e rentabilidade
Embora o aumento de assinantes seja importante, o Spotify busca agora algo mais estratégico: a retenção. O modelo baseado apenas em música provou-se vulnerável à concorrência feroz de plataformas como Apple Music, YouTube Music e Amazon Music. Nesse contexto, podcasts e audiolivros surgem como diferenciais que tornam o cancelamento da assinatura menos provável.
A lógica é simples: ao criar uma rotina de escuta diversificada, o usuário se acostuma com a conveniência e qualidade da experiência. Assim, mesmo que haja outras opções musicais, o conjunto de serviços oferecidos pelo Spotify cria um ecossistema mais difícil de abandonar.
Outro fator relevante está na margem de lucro. Os custos de licenciamento musical ainda consomem boa parte da receita do Spotify. Em contrapartida, podcasts e audiolivros — especialmente os produzidos internamente — têm margens mais amplas e geram engajamento prolongado. Com isso, a empresa melhora seus indicadores financeiros ao mesmo tempo em que oferece mais conteúdo ao usuário.
Não por acaso, o relatório financeiro de 2025 destacou a rentabilidade crescente desse segmento. Segundo a companhia, 30% dos assinantes escutaram ao menos um episódio de podcast no mês de março, enquanto os audiolivros representaram o consumo de mais de 10 milhões de horas.
Um novo capítulo no mercado global do áudio
A expansão do Spotify para além da música também reflete uma tendência global de transformação do consumo de mídia. Audiolivros ganham força especialmente em países como Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, onde o tempo de deslocamento urbano e o hábito de leitura digital se consolidaram. No Brasil, o formato ainda cresce, mas enfrenta barreiras como o custo dos planos e a falta de conteúdo nacional.
Enquanto isso, a concorrência observa atentamente. Amazon, com seu Audible, já domina o setor de audiolivros em muitos mercados. O YouTube também testa iniciativas com podcasts. Portanto, o movimento do Spotify não apenas visa crescer, mas também se posicionar com solidez frente a gigantes do setor.
Por fim, o desafio será equilibrar inovação com qualidade. Com mais formatos e conteúdos, a curadoria se torna crucial para evitar a dispersão do usuário. Nesse sentido, algoritmos e personalização assumem papel central para garantir que cada clique leve a mais minutos de engajamento.