Guerra comercial

Tarifas de Trump podem prejudicar mais Brasil do que os EUA, alerta analista

Imposição de tarifas sobre aço e alumínio exige cautela do Brasil em resposta e escalada de guerra comercial pode ser mais danosa para a economia brasileira.

  • Anunciadas por Trump, as tarifas afetam diretamente as exportações brasileiras, com impacto relevante no setor de aço
  • Lucas Ferraz alerta que uma guerra comercial com os EUA prejudicaria mais o Brasil devido à disparidade econômica entre os dois países
  • A melhor opção seria buscar um canal de diálogo com os EUA, evitando escaladas e minimizando os danos à economia brasileira

A imposição de tarifas de 25% sobre aço e alumínio pela administração de Donald Trump, anunciada na noite de segunda-feira (10), gera preocupação no Brasil, principalmente devido ao impacto no setor.

Com o Brasil sendo o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, essa medida pode afetar significativamente as exportações brasileiras, que em 2024 representaram US$ 5,7 bilhões. Contudo, uma resposta retaliatória do Brasil poderia prejudicar mais o país do que os EUA, especialmente devido à disparidade entre as economias dos dois países, afirmam especialistas.

Impacto das tarifas sobre o Brasil

Donald Trump antecipou, no domingo (9), que elevaria a tarifa para 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. O Brasil, com 48% das suas exportações de aço destinadas aos EUA, teria de lidar com um impacto significativo, caso a medida se concretize.

O setor de aço, crucial para a economia brasileira, pode enfrentar dificuldades, já que os Estados Unidos são o segundo maior mercado para o produto.

Em resposta, o governo de Lula considerou a possibilidade de taxar as grandes empresas de tecnologia (big techs) dos Estados Unidos que operam no Brasil. Assim, como forma de retaliação. Porém, essa decisão geraria um agravamento da tensão comercial, sem garantias de sucesso imediato.

Retaliação pode prejudicar mais o Brasil

Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Negócios Globais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-secretário do Comércio Exterior do Brasil, alerta que uma escalada de guerra comercial pode prejudicar ainda mais a economia brasileira.

“Neste momento, a melhor opção para o Brasil seria não retaliar imediatamente, pois isso pode aumentar ainda mais os custos para a economia”, afirmou Ferraz.

Para ele, a melhor estratégia seria buscar um diálogo diplomático com os Estados Unidos, que poderia ajudar a mitigar os danos. E, assim, evitar a intensificação do conflito comercial.

O especialista lembra que, em seu primeiro mandato, Trump já havia aumentado as tarifas sobre aço e alumínio em 2018, mas as negociações sob o governo de Jair Bolsonaro ajudaram a reverter a ameaça.

“O que vemos agora é uma repetição de um padrão, mas o Brasil deve manter a calma e focar na diplomacia, pois um confronto mais direto com os EUA pode ser mais prejudicial, dado o tamanho das economias e a complexidade das relações comerciais”, acrescenta.

As assimetrias comerciais e o contexto global

O Brasil possui uma média tarifária de importação de 12%, enquanto países desenvolvidos da OCDE têm uma média de 4%. Dessa forma, o que reflete uma assimetria nas políticas comerciais globais.

Ferraz observa que, em alguns casos, países em desenvolvimento, como o Brasil, são isentos de algumas tarifas devido a acordos dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Essas negociações visam equilibrar as condições de mercado, mas podem ser questionadas por líderes como Trump. Contudo, que veem as altas tarifas como um obstáculo para o comércio.

O especialista também destaca que, embora Trump tenha falado sobre a imposição de tarifas, sua real intenção é incerta.

“Ele pode estar utilizando a dependência reduzida do comércio exterior americano com outros países para tentar obter alguma vantagem adicional nas negociações”, diz Ferraz, destacando a imprevisibilidade do presidente americano.

Diante do cenário, a recomendação de especialistas é que o Brasil evite uma resposta precipitada e busque alternativas diplomáticas.

A escalada de tarifas pode ser prejudicial para ambos os países, mas o Brasil, com uma economia em desenvolvimento, corre o risco de sofrer mais com o aumento das barreiras comerciais.

Manter canais de comunicação abertos e procurar soluções por meio do diálogo parece ser, neste momento, a melhor estratégia para preservar os interesses econômicos do país.

Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ
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