
O novo tarifaço anunciado por Donald Trump, com a ameaça de tarifas de até 50% sobre produtos chineses, gerou um grande impacto no comércio global, desencadeando uma nova onda de incertezas nos mercados financeiros. Esse movimento intensifica as tensões já existentes e cria um cenário de volatilidade, que afeta diretamente a economia global.
Com a possibilidade de uma guerra comercial mais acentuada, o dólar tem se valorizado de maneira considerável, superando a marca de R$ 5,95. A instabilidade da moeda norte-americana ocorre em um contexto, onde investidores buscam ativos mais seguros, diante do aumento da incerteza global. Esse cenário pode pressionar a inflação no Brasil, tornando os produtos importados mais caros e afetando o poder de compra da população, especialmente em um momento em que a economia já enfrenta desafios internos.
A retaliação da China, com tarifas de até 34% sobre produtos dos EUA, tem gerado um efeito indireto no Brasil – que inclusive será cobrado em 10% em todas as exportações aos EUA. Embora o país não esteja diretamente envolvido nesse embate, entre seus principais parceiros comerciais, a guerra tarifária entre as duas potências pode abrir espaço em diversos setores, principalmente no agronegócio. Segundo Jorge Kotz, CEO do Grupo X, “O tarifaço anunciado por Donald Trump inaugura uma nova fase de instabilidade no comércio global, mas, para o Brasil, esse movimento pode ser uma rara oportunidade estratégica. No entanto, é preciso inteligência comercial e diplomática para transformar o caos em vantagem – e isso exige ação coordenada entre governo e setor privado”.
No entanto, para que o Brasil consiga aproveitar essa oportunidade, será fundamental adotar estratégias bem coordenadas tanto no setor público quanto privado. O país precisa se posicionar como um fornecedor competitivo e confiável para substituir os produtos americanos que a China agora está tentando evitar devido às tarifas elevadas. O agronegócio brasileiro já tem a vantagem de uma produção competitiva e eficiente, e em caso de alta do dólar, pode tornar esses produtos ainda mais atraentes no mercado global, uma vez que a moeda forte reduz o custo das exportações brasileiras.
“O Brasil, com sua vasta produção agrícola, tem potencial para aumentar suas exportações, mas é crucial que o governo e os empresários ajam de maneira coordenada para garantir que as oportunidades se traduzam em resultados concretos, como aumento das vendas no mercado externo e expansão de nichos específicos de mercado” complementa o executivo.
Além disso, a volatilidade do mercado, provocada pela guerra comercial, exige que o Brasil tenha uma estratégia bem definida para mitigar os riscos e maximizar as oportunidades. O aumento das exportações pode ser positivo para o setor agrícola, mas o impacto sobre a inflação interna e sobre o poder de compra dos consumidores também precisa ser monitorado.
“O Brasil está em uma posição única para se beneficiar dessa turbulência global, mas o sucesso dependerá da capacidade de adaptar-se rapidamente às mudanças e de tomar decisões estratégicas que garantam a sustentabilidade e o crescimento a longo prazo”, finaliza Kotz.