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Especialistas comentam trajetória, novidades e desafios futuros do meio de pagamento.
O Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, completa três anos nesta quinta-feira (16). Desde o lançamento oficial, consolidou-se como o meio de pagamento mais utilizado no país, somando 155,8 milhões de usuários cadastrados e R$ 1,5 trilhão transacionados até setembro deste ano, conforme números divulgados pela autarquia. Até 2027, estima-se que a média de transações mensais por pessoa triplique.
“A praticidade, baixo custo e disponibilidade 24 horas, sete dias por semana, fez com que o Pix se tornasse uma escolha conveniente para consumidores, pequenas e grandes empresas. Não demorou para ele ocupar o lugar do cartão de débito e de transferências como DOC e TED”, destaca Cristiano Maschio, especialista em pagamentos e diretor da fintech Qesh.
Ao longo dos anos, o Pix evoluiu especialmente para empresas. Novos recursos foram adicionados para aprimorar a experiência das organizações, como o Pix Cobrança, que permite aos empreendedores venderem e receberem pela modalidade. No primeiro trimestre de 2022, foram contabilizados 4,3 bilhões de Pix no varejo. No comércio eletrônico, o pagamento instantâneo já chega a 100% de aceitação, empatado com o cartão de crédito.
Para Maschio, a característica mais atrativa é a estrutura de custos potencialmente mais baixa em comparação com outros meios de pagamento: “Em muitos casos, a operação via Pix apresenta custos menores do que taxas associadas às transações de cartão de débito e crédito, que chegam a 5%. Essa e outras adições refletem o comprometimento contínuo em atender às necessidades do setor empresarial, além de melhorar a experiência do cliente”.
Futuro e desafios
Com base na adoção maciça, o Banco Central planeja novidades para o sistema que prometem acelerar ainda mais a digitalização financeira no país nos próximos anos: o Pix Automático, que possibilitará automatizar pagamentos recorrentes, e o Pix Internacional, que permitirá transações além das fronteiras com menores custos e tempo de espera. Países como EUA, Argentina e Portugal já aceitam Pix para atender a demanda de turistas brasileiros.
Contudo, o crescente avanço e a simplicidade do meio de pagamento fez com que surgissem na mesma velocidade diversos golpes envolvendo o Pix. Em 2022, o sistema financeiro brasileiro investiu R$ 3,4 bilhões em mecanismos de segurança e prevenção a fraudes digitais. No mesmo período, o número de golpes aumentou em 165%, de acordo com uma investigação da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
“O Pix é a ferramenta que mais cresce no Brasil e com isso medidas de segurança precisam ser aprimoradas. Este mês entraram em vigor novas mudanças no meio de pagamento para garantir mais proteção aos usuários, assim eles poderão continuar utilizando a tecnologia de maneira segura”, comenta Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios.
Recentemente, o Banco Central lançou o Mecanismo Especial de Devolução (MED), para facilitar o processo de reconhecimento de crimes e o eventual ressarcimento dos bancos aos clientes em casos de fraudes. Outros reforços de segurança já disponíveis aos usuários incluem notificação de infração e consulta de informações vinculadas às chaves Pix para fins de segurança.
“O compartilhamento de dados, por meio da resolução nº 343/23, incentiva os bancos a colaborarem na luta contra fraudes, fortalecendo a segurança do setor financeiro e protegendo consumidores. Agora, bancos podem agilizar o processo de reembolso para vítimas de fraudes, fornecendo evidências sólidas e acelerando a resolução de casos”, avalia Cristiano Maschio.
Jonathan Arend – consultor de cibersegurança da keeggo, empresa de tecnologia – reforça que, além das medidas de segurança orientadas pelo Banco Central para mitigar ameaças em constante evolução, a proteção depende também de práticas individuais.
“O Pix foi projetado com medidas como duplo fator de autenticação e criptografia. Mesmo assim, é importante ativar critérios de segurança que as próprias detentoras desses mecanismos – no caso, as instituições financeiras – oferecem, como autenticação em dois níveis de biometria, e buscar proteger contas o máximo possível para dificultar o roubo de dados em casos de ataques de phishing ou engenharia social, por exemplo”.
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