Guia do Investidor
irpf 2023 getty
Colunistas

Reajuste da faixa de isenção do IRPF tem pouco efeito para todos

Nos siga no Google News

Continua após o anúncio

O governo federal anunciou recentemente mais uma atualização na primeira faixa da tabela progressiva do Imposto de Renda, elevando-a de R$ 2.640 para R$ 2.824. Contudo, ao analisarmos os impactos dessa medida, surge a pergunta inevitável: o que realmente muda na declaração deste ano e do próximo? Quase NADA. Este é apenas mais um episódio de uma “falsa correção” que tem marcado as políticas tributárias do atual governo.

É preciso destacar que este é o segundo reajuste parcial desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A faixa de isenção, congelada em R$ 1.903,98 desde 2015, subiu para R$ 2.112,00 em maio do ano passado e, agora, para R$ 2.259,20. No entanto, a mira parece persistir apenas na primeira faixa, sendo insuficiente a promessa de isenção de até R$ 5.000, amplamente divulgada durante a campanha eleitoral de 2022.

Leia mais  IR 2022: como o MEI deve declarar seus rendimentos

A novidade já está em vigor desde fevereiro deste ano, mas não causa impacto algum na declaração que será entregue à Receita Federal em 2024. O Imposto de Renda a ser declarado em março de 2024 é reflexo dos eventos ocorridos em 2023, tornando a atualização da primeira faixa uma medida tardia e que não atende muito às expectativas.

A justificativa governamental destaca que, aproximadamente, 15,8 milhões de brasileiros serão beneficiados com a isenção do IR na próxima temporada. No entanto, é fundamental frisar que somente os contribuintes com rendimentos de até R$ 2.824,00 mensais serão contemplados. Aqueles que optarem pela declaração simplificada terão um desconto de 20% sobre a renda tributável, o que, para quem ganha dois salários-mínimos, resulta em um abatimento de R$ 564,80. Isso faz com que a base de cálculo caia para os R$ 2.259,20, exatamente o limite máximo da alíquota zero da nova tabela.

No entanto, a crítica mais contundente reside na não correção de toda a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). Ao focar apenas na primeira faixa, o governo deixa de contemplar aqueles que se encontram em faixas salariais mais elevadas, ignorando a necessidade de uma revisão completa e equitativa. Essa abordagem fragmentada perpetua a desigualdade tributária, beneficiando apenas uma parcela da população e deixando de lado a promessa de uma reforma abrangente.

Leia mais  Declaração de IR: Quem pode ser declarado como dependente?

A atualização da primeira faixa da tabela do IRPF, embora represente um alívio para alguns contribuintes, é insuficiente e não condiz com a magnitude das mudanças necessárias no sistema tributário. O governo precisa reavaliar sua abordagem, abandonando medidas populistas e implementando reformas efetivas que promovam a justiça fiscal para todos os brasileiros.

Por Murillo Torelli, professor de Contabilidade Financeira e Tributária no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).


Nos siga no Google News

DICA: Siga o nosso canal do Telegram para receber rapidamente notícias que impactam o mercado.

Leia mais  Prazo para Declaração Anual do MEI se aproxima do fim

Leia mais

Imposto de Renda: o que você precisa saber antes de declarar

Fernando Américo

Imposto de Renda: 10 erros para cair na malha fina

Guia do Investidor

Mais de 40% dos brasileiros já entregaram a declaração do IRPF

Guia do Investidor

Receita abriu consulta ao lote residual de restituição do IR

Márcia Alves

Como declarar saques do FGTS no Imposto de Renda?

Guia do Investidor

Prazo para Declaração Anual do MEI se aproxima do fim

Guia do Investidor

Deixe seu comentário