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Empresa de empresário brasileiro no segmento de construção naval entrou com pedido de recuperação judicial pela segunda vez após cobrança de R$ 400 milhões na Justiça.
Com R$ 7,9 bilhões em dívidas, a OSX, empresa de estaleiros do empresário Eike Batista, ingressou no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro com um novo pedido de recuperação judicial.
Em 2013, com dívidas de R$ 5,3 bilhões, a companhia teve um pedido de recuperação judicial aceito e concluído sete anos depois após acordo de credores.
A OSX afirmou que o novo pedido ocorreu depois que terminou o prazo de 60 dias que havia conseguido para a suspensão de cobranças de obrigações e dívidas junto à Prumo, controladora do Porto do Açu, com a qual tinha um acordo de suspensão de dívida. Em novembro passado, a empresa recebeu uma cobrança de R$ 400 milhões da Prumo.
Para evitar essa cobrança, a OSX fez um pedido à 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro para manter suspensas por pelo menos 60 dias os pedidos de pagamento dos credores.
Para Marcelo Godke, sócio do escritório Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial e Societário, a situação da OSX ainda é muito delicada. “Se ela deixar de cumprir determinadas obrigações, logicamente vai ter vencimento antecipado e corre o risco dela ter a falência decretada. É uma empresa que, não obstante ter concluído o primeiro processo de recuperação, a verdadeira recuperação econômica de uma empresa pode demorar muitos anos, às vezes mais de uma década. O plano de recuperação aprovado serve, por exemplo, para diminuir dívida, postergar prazo de pagamento. Mas a empresa tem de voltar a andar pelos próprios pés, ela precisa voltar a caminhar normalmente. E isso não acontece do dia para a noite”, explica.
Já Filipe Denki, sócio do escritório Lara Martins Advogados e especialista em Direito Empresarial, acredita que a reação do mercado será diferente desta vez com mais um pedido de recuperação judicial. “Parece-me que não será como em 2013 quando o Grupo EBX pediu recuperação judicial. No cenário atual, um pedido de recuperação judicial da OSX não surpreende, seja porque a empresa permaneceu mais de 7 anos em recuperação judicial (de 2013 a 2020), seja porque desde o encerramento da recuperação judicial ela não apresenta resultado positivo. Evidente que, por serem dados públicos, o mercado já está preparado para este momento”, analisa.
Giulia Panhóca, especialista em Direito Empresarial do escritório Ambiel Advogados, argumenta que o setor de estaleiros não deve sofrer com esse processo da empresa de Eike Batista. “Os motivos que levaram a OSX a pedir recuperação judicial não têm fundamento puramente econômico, foram condições específicas da empresa e gestão do grupo. O fato de uma empresa de um setor pedir recuperação judicial não significa dizer que outras empresas do mesmo setor também enfrentarão dificuldades financeiras. De toda forma, o setor de construção naval brasileiro é muito mais dependente da Petrobrás e do mercado de óleo e gás como um todo, e de uma forma geral foi muito afetado quer pela retração do mercado de petróleo, quer pelos efeitos da Lava Jato, e não conseguiu retomar plenamente o seu nível de atuação anterior ao do início da crise”, opina.
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