Continua após o anúncio
- O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não anunciou o esperado pacote de cortes de gastos.
- Reuniões com o presidente Lula e outros ministros não resultaram em propostas concretas.
- A B3 caiu 1,2% na quinta-feira, refletindo a incerteza política.
- As mudanças discutidas incluem alterações no seguro-desemprego e no abono salarial, somando R$ 87,5 bilhões em despesas.
- O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ameaça deixar o governo se os direitos trabalhistas forem alterados.
- Ministros da Saúde e Educação também se opõem a mudanças nos pisos constitucionais.
- Nova rodada de reuniões está prevista, com foco na definição do pacote fiscal.
Em meio a intensas negociações sobre um pacote fiscal que visa cortes significativos de gastos públicos, a situação no governo se torna cada vez mais tensa. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem se reunido constantemente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros, mas até o momento, não houve um anúncio oficial sobre as medidas, gerando ansiedade no mercado financeiro.
Na quinta-feira (7), Haddad indicou que poderia apresentar as propostas, mas o dia se encerrou sem novidades, resultando em uma queda de 1,2% na B3, contrastando com a alta das ações globalmente. “A indefinição do governo está pesando sobre os ativos brasileiros”, comentou um analista do mercado, destacando a necessidade de um posicionamento claro.
Entre os principais pontos de discussão estão as mudanças no seguro-desemprego e no abono salarial, que juntos representam cerca de R$ 87,5 bilhões em despesas para o próximo ano.
Tensões entre os ministros
Propostas como limitar o seguro apenas a quem recebe até dois salários mínimos e restringir o abono a famílias com renda abaixo de um patamar específico têm gerado forte resistência. Luiz Marinho, ministro do Trabalho, tem sido uma voz ativa contra as mudanças.
“Qualquer alteração nos direitos trabalhistas pode resultar em minha saída do governo”.
afirmou Marinho.
O Ministro ressaltou o apoio das centrais sindicais que, em ofício enviado ao Planalto, pedem uma audiência urgente com o presidente para discutir os impactos do ajuste orçamentário sobre as políticas de proteção ao trabalhador.
Além das tensões em torno do seguro-desemprego, ministros das áreas de Saúde e Educação, Nísia Trindade e Camilo Santana, também levantaram preocupações sobre possíveis alterações nos pisos constitucionais que poderiam comprometer o financiamento de suas áreas. Santana, por exemplo, se opõe a qualquer alteração no Fundeb, afirmando que isso “poderia desestabilizar o financiamento da educação básica”.
O governo, através de Haddad, argumenta que a necessidade de cortes é urgente. “Se as despesas obrigatórias continuarem crescendo sem controle, teremos que cortar as despesas discricionárias, o que paralisaria o governo”, alertou Haddad em reuniões recentes. A pressão é ainda maior, considerando que o ministério da Previdência também foi chamado a apresentar metas de economia para o próximo ano.
A situação é delicada, e o clima de incerteza se intensifica à medida que novas reuniões são convocadas. Hoje, mais uma rodada de negociações está agendada, com o presidente Lula reunindo ministros para discutir o futuro do pacote fiscal. A expectativa é que Haddad converse com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, antes de qualquer anúncio oficial.
As tensões internas estão evidentes, e os ministros envolvidos estão claramente preocupados com as possíveis repercussões de cortes em áreas sensíveis. “Não aceitaremos cortes que coloquem em risco os direitos conquistados pelos trabalhadores”, reiterou Marinho, enquanto líderes sindicais também manifestam sua oposição. A capacidade do governo de articular esses interesses conflitantes será crucial para evitar uma crise de governabilidade e para garantir a estabilidade econômica no país.
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