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Novo governo, novas necessidades de gastos, “PEC da transição” e gastança. Não existe milagre, junto com novos gastos também surge a necessidade de novos recursos financeiros e econômicos. O governo não produz, não é indústria, não é comércio e não é prestador de serviço, sua receita vêm dos tributos.
Do ponto de vista das receitas, uma das tributações que tem seu debate, antes mesmo das eleições, é a tributação sobre os lucros e dividendos. Na visão do governo eleito (PT) os lucros dividendos deveriam ser tributados e de maneira similar a renda do trabalho e do capital, na linguagem popular, o dividendo deveria ser tratado como o salário, sendo tributado na tabela progressiva.
No ano de 2021, as empresas brasileiras distribuíram um pouco mais de 500 bilhões de reais em lucros e dividendos, considerando uma tributação média de 7,5% sobre os lucros distribuídos a arrecadação seria de 37,5 bilhões de reais, com uma taxa de 15% a nova arrecadação ficaria em 75 bilhões de reais e, com uma taxa de 27,5%, seriam arrecadados 137,5 bilhões de reais.
Nem com a taxa máxima do IRPF (27,5%) nos dividendos seria possível arrecadar o valor suficiente para cobrir a necessidade da PEC da gastança, que tem previsão de gastos 200 bilhões de reais anuais. Propostas sociais são importantes e necessárias para o país, mas novo governo, novos gastos, novas tributações sem responsabilidade fiscal e econômica não dá para ter paciência!
A carga tributária no Brasil já é alta, considerando os serviços públicos que temos. Antes de aumentar os tributos e gastos, o novo governo deveria se preocupar em reduzir o tamanho do estado, talvez uma reforma administrativa e política sejam mais prioritárias que uma reforma tributária para tributação dos lucros e dividendos.
Por, Murillo Torelli, professor de contabilidade financeira e tributária no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
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