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O Santander divulgou recentemente um relatório preocupante sobre o impacto das apostas e cassinos online na economia brasileira. De acordo com a análise, a crescente popularidade desses jogos pode resultar em uma diminuição significativa do PIB do país, estimando-se uma subtração entre 0,2% e 0,3% em 2024. Essa tendência levanta sérias questões sobre os efeitos colaterais das apostas, principalmente sobre os grupos mais vulneráveis da população.
O estudo revela que os brasileiros devem desembolsar entre R$ 71,3 bilhões e R$ 239,4 bilhões com apostas neste ano. Este número, embora impressionante, representa apenas a despesa bruta, ou seja, não considera os prêmios que os apostadores eventualmente recebem. O resultado líquido, que leva em conta esses prêmios, é estimado entre R$ 25,7 bilhões e R$ 35,9 bilhões. No entanto, o relatório sugere que essa conta pode estar subestimada, dado que muitos sites de apostas operam sem regulamentação no Brasil, o que dificulta a obtenção de dados precisos.
Os analistas do banco destacam que a legalização das apostas online já está causando danos à saúde financeira e mental dos consumidores, especialmente nas camadas de baixa renda. A capacidade de os apostadores se endividarem se torna alarmante, com um aumento visível na inadimplência. Somente no primeiro semestre de 2024, 1,3 milhão de pessoas atrasaram o pagamento de dívidas devido aos gastos com apostas.
Ademais, os efeitos negativos não se limitam aos indivíduos, mas também afetam diretamente setores essenciais, como saúde, educação e varejo. O relatório aponta que as empresas que mais sofrerão com o impacto das apostas incluem aquelas ligadas ao consumo popular e instituições financeiras. Entre as ações listadas na B3, os setores de varejo e serviços são os mais expostos, podendo enfrentar perdas significativas.
O efeitos das apostas no consumo
A análise sugere que o consumo de bens e serviços essenciais poderá ser afetado, à medida que os gastos com apostas ocupem espaço no orçamento das famílias. Produtos e serviços considerados não essenciais, como lazer e vestuário, devem ser os mais impactados. Para o Santander, é crucial observar o gasto bruto em apostas, que pode ultrapassar 2% do PIB, em vez de focar apenas na despesa líquida.
O banco também alerta que a maior parte das apostas ocorre por meio de transferências instantâneas, como o Pix, com mais de 70% dos apostadores utilizando essa forma de pagamento. Isso levanta preocupações sobre o uso responsável de plataformas financeiras, uma vez que as instituições bancárias podem estar contribuindo indiretamente para o aumento das dívidas relacionadas a apostas.
Medidas e recomendações
Diante desse cenário alarmante, o Santander recomenda que as instituições financeiras adotem medidas de monitoramento mais rigorosas sobre o endividamento gerado pelas apostas. Isso inclui a possibilidade de regulamentações mais severas, como a proibição do uso do Pix para pagamentos de apostas.
No setor educacional, o ensino à distância pode se ver em competição desleal com cassinos online, afetando instituições como Vitru e Cogna. Já no campo da saúde, o impacto mais relevante recai sobre o sistema público, que atende a população de baixa renda e enfrentará custos crescentes com tratamentos de saúde mental relacionados ao vício em apostas.
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