
- 49% dos brasileiros apontam o dinheiro como sua maior fonte de ansiedade, superando saúde, família e trabalho.
- Problemas financeiros afetam diretamente a saúde mental, com crescimento de sintomas como ansiedade e insônia.
- Maioria não tem reserva de emergência nem renda suficiente, e 62% acreditam que o planejamento financeiro traria melhor qualidade de vida.
Questões financeiras se tornaram a maior fonte de preocupação dos brasileiros em 2025, superando até a saúde. Segundo uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (1º), 49% dos entrevistados apontam o dinheiro como principal causa de ansiedade no dia a dia. O dado é parte de um levantamento realizado pela fintech Onze, em parceria com a seguradora Icatu, com base em respostas de 8.701 pessoas em todo o país.
Nesse sentido, o resultado indica uma mudança relevante no perfil das angústias coletivas. Em edições anteriores da pesquisa, a saúde costumava liderar o ranking, especialmente após a pandemia. Agora, ela aparece com 19%, seguida por família (15%), trabalho (7%), violência (7%) e política (3%).
Falta de reserva amplia sensação de insegurança
Entre os brasileiros que elegeram o dinheiro como seu maior temor, 61% afirmam que não teriam condições de arcar com despesas emergenciais, como uma consulta médica de urgência ou o socorro financeiro a um parente. Então, esse dado aponta para uma realidade preocupante: a ausência de qualquer margem de segurança no orçamento familiar.
Ademais, a pesquisa revelou ainda que 63% dos entrevistados não possuem nenhuma reserva de emergência. Além disso, 15% já acumulam dívidas sem sequer contar com qualquer tipo de poupança. Apenas uma minoria mantém algum nível de controle financeiro mais estruturado.
Desse modo, outro dado chama atenção: 51% dizem que a renda atual não cobre os gastos mensais, o que representa um crescimento de 10 pontos percentuais em relação à edição de 2023. Portanto, o aumento da inadimplência e a elevação do custo de vida explicam parte dessa diferença.
Saúde mental sob ataque
O impacto das finanças vai além do bolso e atinge diretamente a mente. Segundo o estudo, 72% dos entrevistados relatam que os problemas financeiros afetam negativamente sua saúde mental. Os principais sintomas citados são ansiedade (65%), insônia (50%) e depressão (21%).
Além disso, esse efeito psicológico também cresceu em relação ao ano passado. A taxa de ansiedade provocada por estresse financeiro subiu 12 pontos percentuais. O avanço revela que a deterioração das condições econômicas está intensificando o sofrimento emocional da população.
Apesar disso, poucas pessoas têm acesso a acompanhamento psicológico. A pesquisa não detalhou quantos buscam ajuda profissional, mas indicou que o bem-estar emocional tem se tornado cada vez mais dependente da estabilidade econômica, principalmente entre jovens adultos e trabalhadores informais.
Planejamento financeiro ainda é barreira
Mesmo diante da crescente preocupação com dinheiro, muitos brasileiros ainda enfrentam dificuldades para organizar suas finanças. Para 62% dos entrevistados, seria possível alcançar uma vida melhor se houvesse mais controle sobre dívidas e gastos. No entanto, poucos afirmam ter acesso a educação financeira de qualidade.
A falta de conhecimento sobre orçamento, investimentos e renegociação de dívidas aparece como um obstáculo adicional. Trabalhadores CLT, autônomos, aposentados, servidores públicos e desempregados relataram, com diferentes ênfases, uma percepção comum de desamparo e desorganização.
Nesse cenário, fintechs, bancos e seguradoras passaram a investir em ferramentas digitais voltadas à orientação financeira. Ainda assim, a adesão permanece baixa, seja por falta de tempo, confiança ou familiaridade com os canais disponíveis.
Uma preocupação que não escolhe classe
Embora a ansiedade financeira afete mais fortemente as classes C, D e E, ela não é exclusiva das faixas de menor renda. A pesquisa aponta que mesmo entre brasileiros com rendimento mensal superior a R$ 5 mil, o temor de perder o controle financeiro está presente.
Além disso, muitos relataram medo de não conseguir sustentar o padrão de vida, especialmente em um cenário de instabilidade política e alta de preços. A inflação acumulada em setores como saúde, habitação e educação reforça a sensação de que o dinheiro rende menos a cada mês.
No fim das contas, o dinheiro deixou de ser apenas um problema de números e virou um gatilho emocional constante, capaz de afetar relações pessoais, produtividade no trabalho e decisões de longo prazo.