
- Ações da Méliuz recuam 6,8% após anúncio de oferta primária para comprar bitcoins
- Empresa pretende levantar R$ 150 milhões, com possibilidade de ampliar operação em até 200%
- Mercado reage com cautela à mudança estratégica e teme alta exposição ao risco das criptomoedas
As ações da Méliuz (CASH3), que figuravam entre os destaques de alta da Bolsa em 2025, despencaram nesta sexta-feira (30) após a companhia anunciar uma oferta primária de ações com o objetivo de levantar capital para investir diretamente em bitcoins.
A notícia, que agitou o mercado financeiro, provocou forte correção nos papéis, sinalizando o receio dos investidores em relação à nova estratégia da empresa.
Às 10h14, os papéis da Méliuz caíam 6,80%, cotados a R$ 8,22, revertendo parte da impressionante valorização acumulada no ano, que já somava 220% até o pregão anterior. O movimento ocorre após a divulgação de um fato relevante na noite de quinta-feira (29), no qual a companhia detalhou os planos de realizar uma oferta primária com estimativa inicial de R$ 150 milhões.
Demanda do mercado
A precificação da operação está prevista para ocorrer em 12 de junho e poderá ser ampliada em até 200% do volume inicial, conforme demanda do mercado. O preço base da operação foi calculado com base no fechamento da ação na quinta-feira, de R$ 8,82. A companhia não informou quantas ações pretende emitir, mas a expectativa é de uma diluição significativa caso a oferta chegue ao limite máximo.
A iniciativa representa uma guinada na estratégia corporativa da Méliuz. Conhecida por operar com cashback e soluções de marketing digital, a empresa anunciou em março uma mudança na política de tesouraria. Assim, voltando seu foco para o investimento em criptomoedas, especialmente o bitcoin.
A companhia defende que o ativo digital é uma reserva de valor a longo prazo e uma forma de diversificar a alocação de capital.
No entanto, o mercado não parece ter reagido com o mesmo entusiasmo. A combinação de uma nova oferta (que dilui a participação dos atuais acionistas) com o uso dos recursos para a compra de um ativo volátil como o bitcoin acendeu um sinal de alerta entre os investidores.
Destinação de caixa
Em vez de investir em crescimento operacional, inovação ou expansão de mercado, a empresa opta por destinar o caixa a um ativo cuja oscilação depende fortemente de fatores externos e de risco elevado.
Analistas alertam que a decisão representa um alto grau de risco para uma companhia listada em bolsa. Já que o bitcoin, embora tenha apresentado forte valorização nos últimos anos, é notoriamente volátil e suscetível a mudanças regulatórias. Além de movimentações de grandes detentores e decisões macroeconômicas globais.
Apesar da reação negativa inicial, o mercado acompanha com interesse o movimento da Méliuz, sobretudo os investidores de perfil mais arrojado. Se o bitcoin continuar valorizando, os analistas poderão ver, no futuro, a estratégia como ousada e visionária. Por ora, entretanto, o anúncio impôs um freio à euforia que vinha impulsionando os papéis da empresa nos últimos meses.