
- A Fitch Ratings elevou a nota de crédito da Argentina, reconhecendo o esforço fiscal do governo Milei.
- As reformas econômicas têm efeitos positivos no cenário internacional, mas impacto social duro internamente.
- A governabilidade e a pressão social são os maiores desafios para a continuidade das medidas.
A Argentina deu um passo importante em sua recuperação econômica com a elevação da nota de crédito pela Fitch Ratings. A decisão reflete a confiança inicial nas reformas promovidas por Javier Milei, que vem apostando em cortes de gastos e rigor fiscal. Enquanto o reconhecimento internacional anima investidores, a população lida com os efeitos sociais das mudanças.
Confiança externa cresce com ajustes
Desde que assumiu a presidência, Javier Milei vem conduzindo a Argentina por um caminho de reformas severas. Sua promessa de reduzir o tamanho do Estado está sendo colocada em prática por meio de cortes em subsídios, demissões no funcionalismo e bloqueios a repasses para governos locais. Essas ações, embora dolorosas, têm produzido efeitos visíveis no cenário fiscal.
Como resposta, a agência Fitch Ratings elevou a nota da dívida soberana argentina de “RD” (default restrito) para “CCC”. A justificativa veio do esforço em equilibrar as contas públicas, com destaque para o superávit primário alcançado recentemente — o primeiro em mais de uma década. Isso mostrou, segundo a agência, um compromisso real com o reordenamento macroeconômico.
A decisão marca um ponto de virada na percepção externa do país. Embora a nota ainda esteja abaixo do grau de investimento, sua elevação representa um voto de confiança nas ações do governo. Com isso, a Argentina ganha algum fôlego nas negociações com credores e nas relações com o mercado internacional.
População sente os efeitos na pele
Se para fora as reformas soam como avanço, por dentro a realidade é bem mais dura. Os cortes drásticos nos gastos públicos têm afetado diretamente o cotidiano dos argentinos. Subsídios à energia, ao transporte e a programas sociais foram reduzidos ou extintos. Isso fez disparar o custo de vida, mesmo com a inflação começando a recuar.
Movimentos sociais e sindicatos têm protestado com frequência. Muitos acusam o governo de ignorar a realidade de quem vive na base da pirâmide. Com a retirada de auxílios, o número de pessoas em situação de vulnerabilidade aumentou. Em bairros periféricos de Buenos Aires, por exemplo, filas por alimentos e doações voltaram a crescer.
Além disso, o ambiente político segue instável. Milei tem maioria relativa, mas enfrenta resistência no Congresso, o que pode dificultar a continuidade de algumas medidas. A tensão entre urgência econômica e custo social é um dos maiores desafios do seu governo.
Caminhos possíveis para a recuperação
A elevação da nota pela Fitch foi celebrada pelo governo como uma vitória simbólica, mas não é garantia de estabilidade. A Argentina ainda carrega um histórico recente de calotes e desconfiança internacional. Para seguir no rumo da recuperação, será necessário manter o equilíbrio fiscal sem esquecer da população mais afetada.
Especialistas destacam que é preciso combinar austeridade com responsabilidade social. Ou seja, manter o controle dos gastos, mas também oferecer alguma proteção a quem mais sofre com as mudanças. Essa será uma equação difícil, especialmente se a economia não apresentar sinais claros de crescimento.
No entanto, há expectativas positivas. O compromisso com reformas e a melhoria no saldo fiscal já começam a atrair interesse de investidores estrangeiros. Se conseguir ampliar sua base de apoio político e acalmar os ânimos sociais, Milei poderá consolidar uma virada econômica histórica para a Argentina.