Selic em pausa?

BC sinaliza possível fim do ciclo de alta dos juros; economistas projetam estabilidade até o fim do ano

Após elevação da Selic para 14,75%, analistas veem indicativos de interrupção no aumento dos juros, com foco na avaliação dos efeitos das medidas já adotadas.

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banco central mcajr abr 0104222276
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  • O Banco Central elevou a Selic para 14,75%, mas sinalizou possível interrupção no ciclo de alta dos juros.
  • Economistas de grandes bancos veem o fim do ciclo de aperto monetário, com estabilidade da taxa até o fim do ano.
  • Cenário econômico é marcado por desaceleração do crescimento, incertezas globais e medidas de estímulo do governo.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa Selic para 14,75%, mas adotou discurso mais cauteloso, sugerindo que o atual ciclo de alta pode ter chegado ao fim. Economistas de grandes instituições financeiras acreditam que a autoridade monetária pausará os aumentos e esperará os efeitos das medidas anteriores. O cenário ainda envolve incertezas externas, inflação resistente e um governo que busca estímulos econômicos, o que exigirá decisões equilibradas nos próximos meses.

Aumento com cautela no Banco Central

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano, um aumento de 0,50 ponto percentual. A decisão, anunciada após a reunião de maio, marcou a sexta elevação consecutiva e colocou os juros no nível mais alto desde 2006. Embora previsível, a mudança veio acompanhada de um sinal novo no comunicado oficial.

Dessa vez, o Banco Central adotou um tom mais cauteloso. O órgão afirmou que os próximos passos dependerão da evolução dos dados econômicos. A autoridade reconheceu que o impacto das altas anteriores ainda está sendo absorvido e que é necessário aguardar seus efeitos antes de novas decisões.

Além disso, o Copom reiterou a necessidade de manter uma política monetária contracionista por um período prolongado. No entanto, ponderou que os indicadores devem guiar as próximas deliberações, o que abre espaço para uma eventual pausa nos aumentos.

Essa mudança na comunicação foi suficiente para que analistas do mercado enxergassem uma inflexão na estratégia. A inflação acumulada de 12 meses, que está em 5,49%, ainda supera a meta de 3%. Contudo, projeções do próprio Banco Central indicam desaceleração: 4,8% em 2025 e 3,6% até o final de 2026.

Bancos projetam fim do aperto

A nova sinalização do Copom foi rapidamente interpretada por economistas de grandes instituições financeiras como um indício claro de que o ciclo de alta chegou ao fim. Para Itaú, Santander, Bank of America e BTG Pactual, o momento agora é de cautela e observação.

Segundo o Bank of America, a autoridade monetária optou por encerrar o ciclo de aperto. A leitura é que o impacto total dos aumentos anteriores ainda precisa ser sentido na economia, o que torna prudente uma pausa. O BTG Pactual também vê baixa probabilidade de novas altas, especialmente diante dos riscos externos.

A maioria dos analistas concorda que a taxa deve permanecer elevada até dezembro. Qualquer eventual corte dependerá da evolução da inflação, do comportamento do consumo interno e da conjuntura econômica internacional. O Banco Central, por sua vez, mantém o compromisso com a meta de inflação, mas sinaliza que poderá agir conforme as circunstâncias.

Essas interpretações indicam que o Copom, embora firme em seu objetivo, está mais aberto ao diálogo com os dados. Isso representa uma mudança relevante no tom adotado em decisões anteriores, que vinham sendo mais enfáticas sobre a necessidade de aumentos contínuos.

Cenário complexo e medidas paralelas

O ambiente econômico segue desafiador. Apesar da expectativa de desaceleração inflacionária, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 2% em 2025, abaixo dos 3,4% registrados no ano anterior. Fatores como a queda nos preços das commodities e o impacto das políticas comerciais dos Estados Unidos aumentam a incerteza.

No Brasil, o governo federal lançou medidas de estímulo, como a flexibilização nas regras de empréstimos consignados. Essas ações visam conter a perda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, podem gerar pressões inflacionárias adicionais e interferir no equilíbrio fiscal.

Diante desse panorama, o Banco Central escolheu aguardar. A manutenção da Selic em 14,75% por mais tempo parece a estratégia mais provável. A instituição observa atentamente os indicadores e buscará ajustar a política monetária somente com base em sinais concretos e sustentáveis.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.