
- BYD vendeu mais carros elétricos que a Tesla na Europa pela primeira vez, com crescimento de 169% no segmento.
- Diversidade de modelos e preços baixos impulsionaram as vendas, enquanto a Tesla perdeu espaço com portfólio limitado.
- Tensões geopolíticas e investigações na UE desafiam a expansão chinesa, mas produção local pode fortalecer a BYD.
A Tesla perdeu o trono. A montadora chinesa BYD acaba de se tornar a nova líder em vendas de carros elétricos na Europa, segundo levantamento da Jato Dynamics.
No mês passado, pela primeira vez na história, a BYD vendeu mais veículos 100% elétricos que a Tesla no continente europeu. O feito marca um novo capítulo na disputa entre gigantes da mobilidade limpa. Com preços mais acessíveis e uma ampla gama de modelos, a marca asiática registrou 7.231 emplacamentos, enquanto a norte-americana somou 7.165 — uma diferença pequena, mas simbólica.
Além disso, o crescimento anual da BYD surpreende: 169% em elétricos puros e 359% ao incluir híbridos plugáveis. Já a Tesla amargou uma queda de 49% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior.
Variedade atrai mais consumidores
A virada chinesa não ocorreu por acaso. A BYD tem investido agressivamente no mercado europeu desde o fim de 2022, quando expandiu sua atuação além de Noruega e Países Baixos. De lá para cá, lançou oito modelos em mais de 30 países, como o hatch compacto Seagull, com preços a partir de € 22.990.
Esse leque variado atende consumidores com perfis diferentes, enquanto a Tesla permanece com um portfólio mais restrito e sem grandes atualizações recentes. Mesmo com a renovação do Model Y, a montadora de Elon Musk perdeu força em mercados estratégicos como Alemanha, França e Reino Unido.
Jolin Zhang, vice-diretora da BYD Europa, destacou o objetivo da empresa durante o evento Future of the Car Summit: “Temos uma missão: levar toda a alta tecnologia e inovação da BYD para o maior número possível de clientes no mundo”.
Estratégias locais e tensões globais
Outra vantagem da BYD é a oferta crescente de híbridos plugáveis. Esse tipo de carro, que combina motor elétrico e a combustão, ainda não está sujeito à tarifa de até 45% imposta pela União Europeia sobre veículos elétricos importados da China. Por isso, as vendas desses modelos aumentaram quase oito vezes em abril, alcançando 9.649 unidades.
Além disso, a BYD já se movimenta para produzir localmente. A empresa planeja fábricas na Hungria e na Turquia, com o objetivo de evitar as altas tarifas e acelerar a distribuição. No entanto, parte desses planos esbarra em entraves geopolíticos.
A Comissão Europeia abriu investigação para apurar se o governo chinês concedeu subsídios ilegais à construção da fábrica húngara. Paralelamente, o projeto de uma planta no México encontra dificuldades para aprovação por autoridades chinesas. A preocupação é que a tecnologia dos veículos inteligentes possa vazar para os Estados Unidos.
Tesla enfrenta momento difícil
A Tesla, por sua vez, lida com queda de receitas e desafios de imagem. Os lucros da empresa caíram ao menor nível desde o fim de 2020. Além disso, Elon Musk anunciou que reduzirá sua atuação em causas políticas norte-americanas para se dedicar à montadora — um sinal de que o desgaste público afeta os negócios.
Enquanto isso, marcas europeias como Renault, Volkswagen, Škoda, Audi e BMW aumentam a concorrência. Em abril, todas venderam mais elétricos puros que a Tesla, consolidando um ambiente cada vez mais competitivo.
Segundo o analista Felipe Munoz, da Jato Dynamics, o avanço da BYD marca uma nova era para o setor. “É um momento decisivo para o mercado automotivo europeu. A Tesla liderou durante anos, mas agora enfrenta uma ameaça real e crescente”, afirmou.