
O Banco Central (BC) bateu o martelo: o Drex (a versão digital do nosso Real) e a tokenização de ativos do mundo real (RWA – Real World Assets) serão as grandes estrelas da agenda de inovação da instituição nos próximos quatro anos. Quem confirmou isso foi Rogério Lucca, o secretário-executivo do BC.
Em uma entrevista recente no canal oficial do BC no YouTube, Lucca deixou claro que essas duas ferramentas são cruciais para a transformação digital que o sistema financeiro nacional está passando. A ideia principal é usar essa tecnologia para expandir e democratizar o acesso ao crédito no país, tornando-o mais fácil e, quem sabe, mais barato para todo mundo.
A grande meta por trás dessa agenda de inovação é melhorar a qualidade e o custo do crédito no Brasil. Fazendo isso, o BC acredita que a sua própria política monetária (as decisões sobre juros, por exemplo) se tornará mais eficaz. Lucca explicou: “Melhorar o risco de crédito […] traz benefícios para todo o sistema financeiro […]. O acesso a um crédito de melhor qualidade, com operações com um risco mais controlado e garantias mais robustas passa pela possibilidade de os consumidores conseguirem mobilizar as suas propriedades e seus ativos como colateral [garantia].”
Imagine poder usar um token que representa um imóvel seu, ou parte dele, como garantia para um empréstimo? É mais ou menos essa a ideia. A infraestrutura do Drex será a base para criar novos tipos de serviços financeiros, mais eficientes e seguros, usando esses tokens ligados a ativos reais e investimentos. Lucca foi além e mencionou que até mesmo criptoativos, como Bitcoin e stablecoins (moedas digitais pareadas a moedas como o dólar), poderiam ser usados como garantia para empréstimos no futuro.
Claro que nem tudo são flores ainda. Durante a fase atual de testes do Drex (o chamado Piloto Drex), a questão do sigilo bancário e da privacidade dos dados surgiu como um ponto crítico. Lucca admitiu que o BC “ainda não tem um conforto de que a tecnologia existente hoje em dia seja suficiente para resguardar as informações.” Ou seja, garantir que seus dados estarão 100% seguros é uma prioridade antes de lançar o Drex para o público.
Apesar de o BC ter recusado novas propostas de testes no início do ano, Lucca garantiu que novos modelos de negócio e soluções serão testados assim que a fase atual do piloto terminar, o que deve acontecer na segunda metade deste ano. A equipe técnica já está discutindo quais serão os próximos passos.
E para quem tem medo de o Drex virar uma ferramenta de controle, Lucca, que é responsável pela área de privacidade do BC, foi enfático: “O Banco Central sempre afirmou que não vai usar nenhuma infraestrutura pública para controlar os recursos da população. Nós temos o dever de não permitir que os dados das pessoas sejam utilizados para qualquer fim.”
Além do Drex e da tokenização, a agenda estratégica do BC para o período de 2026 a 2029 também inclui atualizações importantes para o Pix e avanços no Open Finance. Antes disso, já em 2025, o BC planeja lançar o Pix automático (para programar pagamentos recorrentes) e o Pix parcelado (para compras pagas em prestações).