- Ex-presidente afirma que Lula perdeu habilidade de dialogar com o Congresso, o que contribuiu para a queda de sua popularidade
- Temer avalia que Lula pode desistir da candidatura em 2026 diante do cenário político atual
- Ex-presidente vê chance concreta de uma candidatura única da direita, o que pode dificultar a vitória da esquerda
O ex-presidente Michel Temer (MDB) fez duras críticas à condução política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e colocou em dúvida a possibilidade de o petista disputar a reeleição em 2026.
Segundo ele, a queda na popularidade de Lula e a perda da prática de diálogo com o Congresso Nacional devem pesar na decisão do presidente sobre tentar um quarto mandato.
“Eu acho que o presidente Lula não tem feito uma coisa que ele fazia muito nos dois primeiros mandatos. Ele dialogava muito com o Congresso Nacional. Segundo ponto, caiu a popularidade dele, sem dúvida alguma. O que penso fará com que ele medite duas ou três ou dez vezes para ser candidato à Presidência pela quarta vez”, afirmou Temer em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, que vai ao ar neste domingo (11).
A avaliação do emedebista ocorre em um momento de pressão crescente sobre o governo federal, que enfrenta dificuldades para aprovar medidas no Congresso. Além de lidar com críticas sobre sua atuação na economia, na articulação política e em pautas sensíveis como segurança pública e regulamentação das redes sociais.
Temer, que assumiu a Presidência após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), destacou que Lula “perdeu o toque” que o ajudava a manter uma base sólida no Legislativo. Para o ex-presidente, essa falha na articulação pode prejudicar a governabilidade e desgastar ainda mais a imagem do petista junto à população.
“Lula tem um histórico de habilidade política, mas desta vez parece que se distanciou do Congresso. Essa falta de diálogo cobra um preço alto, tanto na popularidade quanto na eficácia do governo”, disse.
Cenário presidencial
Além das críticas ao governo petista, Temer também traçou um cenário para a sucessão presidencial. Ele disse enxergar sinais de que a direita pode se unir em torno de uma candidatura única em 2026. Contudo, o que poderia ser decisivo para derrotar Lula ou qualquer nome indicado por ele.
“Eu vejo que, nas conversas que eu tive com alguns governadores, eles estão muito dispostos a uma coisa dessa natureza. Se saírem cinco candidatos deste lado e um único candidato do outro lado, é claro que o candidato do outro lado vai ter uma vantagem extraordinária”, analisou o ex-presidente, ao sugerir uma coordenação inédita no campo conservador.
Temer evitou citar nomes específicos, mas a declaração reforça as movimentações em curso entre governadores e lideranças de centro-direita e direita, que buscam construir um projeto de poder viável para 2026.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), estão entre os cotados para essa frente unificada.
Caso Lula desista da reeleição, o cenário eleitoral pode mudar drasticamente. Nomes como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, despontam como possíveis sucessores naturais. Mas, ainda enfrentam resistências internas e externas.
Enquanto isso, a queda na popularidade do presidente, observada em pesquisas recentes, pressiona o Planalto a repensar estratégias. E, por consequência, reforçar a articulação política para evitar um desgaste irreversível.